*Ribeiro Arce
A quarta-feira, 20 de agosto de 201º, será lembrada na história do legislativo brasileiro pela vergonhosa votação que livrou da cassação do mandato o deputado Natan Donadon, condenado a 1º anos de prisão por peculato (roubo praticado por funcionário público) e formação de quadrilha. O tal deputado foi condenado pela mais alta corte da justiça brasileira, o Supremo Tribunal Federal (STF), e mesmo assim os deputados não cassaram seu mandato.
Esse ato deplorável da Câmara Federal indignou a nação e mostrou a todos, quão esse poder desrespeita, zomba e não esta nem aí com o eleitor. Em junho último as principais cidades brasileiras, inclusive Brasília, foram tomadas pela multidão enfurecida que cobrava, além de melhorias no transporte público urbano, educação e saúde, o fim da corrupção. Parece que nada valeu, depois dos protestos os presidente da Câmara e do Senado, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) e senador Renan Calheiros (PMDB/AL) respectivamente, foram flagrados passeando em aviões da FAB, custeados com dinheiro do erário público.
Vale lembrar, conforme publicou a folha online, na opinião de Renan Calheiros, o Congresso Nacional não sai desgastado com a decisão da Câmara, que manteve o mandato do deputado Natan Donadon (ex-PMDB-RO). São tantas as denúncias de falcatruas, conchavos e negociatas envolvendo senadores e deputados que mais esse episódio realmente não desgasta o Congresso. A verdade nua e crua é uma só, o Congresso Nacional não tem mais o que desgastar, é um poder sujo, desmoralizado e sem crédito perante a nação brasileira.
O episódio da votação que manteve o mandato do deputado ladrão deixa-nos algumas reflexões. O deputado presidiário, saiu da prisão da Papuda em Brasília num camburão da polícia e foi discursar na tribuna da Câmara dos Deputados. Lá ele invocou a Deus, jurou inocência, pediu ajuda dos pares e, pasmem, reclamou da água fria para o banho diário e da comida (a xepa, segundo ele), não tão boa quanto era na época de homem livre. Um sarro na cara do povo trabalhador brasileiro.
O discurso valeu, tanto é que os votos pela cassação não foram suficientes para tirar-lhe o mandato. Agora, o mais chocante foi a quantidade de deputados que votaram pela absolvição de Donadon, 1º1º Outra coisa intrigante e vergonhosa foi saber que 50 deputados estavam na Câmara e não compareceram no plenário para votar, um deles da bancada de MS, Antônio Carlos Biffi, segundo reportagens publicadas na mídia nacional e regional. Caro leitor, ainda não se sabe tudo sobre a fatídica votação, haja vista que o voto nesse caso é secreto, não ficamos sabendo quem votou para cassar e quem votou para absolver o deputado condenado por roubo e formação de quadrilha.
Esse episódio escandaloso ocorrido na Câmara dos Deputados também nos serve de lição e reflexão sobre as pessoas que escolhemos para nos representar no legislativo. No próximo ano teremos eleições para presidente, governadores e, claro, deputados e senadores. Será uma grande oportunidade de fazer um limpa nessa corja de malfeitores que ocupa a Câmara Federal.
*Professor da rede estadual de ensino de MS.
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