Em dias tranquilos como ontem os trotes continuam sendo o maior problema enfrentado pela Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros de Chapadão do Sul. Milhares de ligações foram feitas em 201º afetando a qualidade da prestação do serviço de segurança na cidade e até mesmo na região. Os militares bombeiros foram levados para fora da cidade em direção a supostos acidentes em mais de uma oportunidade. Com a PM a situação não foi diferente porque não é fácil separar as pegadinhas dos casos reais sem perder muito tempo.
O ?fenômeno? não é exclusividade de Chapadão do Sul, que numa média de dez ligações pelo menos cinco seriam desnecessárias. Há dois meses o Corpo de Bombeiros do município deslocou-se próximo a Cassilândia atrás de um ocorrência que nunca existiu. Já no Alto Tietê (SP) das cinco mil ligações telefônicas recebidas diariamente pela Polícia Militar 820 são trotes passados por crianças e adolescentes, além de pessoas desequilibradas, que usam o artifício como vingança contra vizinhos ou ex-companheiros. Somadas, as falsas chamadas chegam ao absurdo número de 50 mil em um período de apenas dois meses.
Deste total, 33 mil partiram de menores e 1º mil de adultos, segundo levantamento realizado pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) a pedido deste jornal. Para se ter uma ideia dos prejuízos, os minutos gastos pelos policiais apenas com o atendimento aos trotes representam 1º dias de trabalho no bimestre do Copom, responsável pelo direcionamento da atuação policial de toda a corporação. é lastimável que um serviço de tal relevância para o combate à criminalidade permaneça, como no passado, sendo objeto de brincadeiras infantis ou desforras pessoais, num tempo estigmatizado pelo avanço da escalada da violência doméstica e urbana.
Apenas um garoto de 6 anos, flagrado pela PM, realizou 12 ligações em dois dias seguidos. Os pais foram encaminhados à Vara da Infância e Juventude. Ora, se um garoto dessa idade tem tempo suficiente para fazer tantas ligações, algo realmente não caminha muito bem na rotina familiar de uma parcela da população. Os trotes refletem a desestrutura social que começa com a falsa ligação para a Polícia e segue com outros delitos menores, mas graves, como as pichações, os danos ao patrimônio público e privado, e por aí afora.