Região de Chapadão do Sul lidera os casos de incidência da Helicoverpa Armigera em Mato Grosso do Sul. Uma reportagem veiculada pela TV Morena hoje advertiu que a maioria dos 35 focos está nas proximidades do município. Sobre o assunto, o pesquisador Gemirson Tonquelski, da Fundação Chapadão, confirmou que o Baús está em situação de alerta. Os casos também são verificados em Chapadão do Sul, Chapadão do Céu e São Gabriel do Oeste. Na quinta-feira a Fundação vai realizar um seminário que tratará do manejo e da biologia desta praga, cujo prejuízo no Brasil é incalculável. O evento será realizado no dia 1º de outubro, das 7 às 12s30 no CTG Cultivando a Tradição.
Apontada na Bahia como suposto bioterrorismo, onde já causou mais de R$ 1ºbilhão em prejuízos a lavouras de soja e algodão, a lagarta Helicoverpa Armigera vem tirando o sono de produtores rurais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul devido o alto grau de destruição. Em pesquisas realizadas pelo laboratório da Cooaleste (Cooperativa Agrícola dos Produtores Rurais da Região Sul de Mato Grosso), de Primavera do Leste, descobriu-se que a praga é capaz até mesmo de comer plástico.
A experiência preocupou a equipe do engenheiro Márcio Henkes Caldeira, gerente de pesquisas da cooperativa. Ele alerta aos produtores e defende formas de manejo para tentar conter a lagarta, uma vez que não há um defensivo específico e o uso de Benzoato de Emamectina está proibido pela Justiça Federal.
Responsável até agora por prejuízos da ordem de 1º% de lavouras de São Paulo, a praga Armigera pode estar sendo disseminada através das rodovias do Estado, com colheitadeiras que transitam de um Estado para outro. Na região de Primavera do Leste a lagarta vem sendo encontrada nas plantações de milho, milheto, algodão, soja, girassol e sorgo. ?Não detectamos a presença na mamona?, ressalta Márcio que defende o manejo adequado.
A descoberta do poder de destruição da Helicoverpa ocorreu quando pesquisadores guardaram uma lagarta em um copo de plástico no laboratório da cooperativa. No dia seguinte a mesma havia desaparecido, deixando um buraco no copo. Márcio Caldeira solicitou então uma avaliação mais criteriosa e sucessivamente constatou-se que as lagartas comiam os copos.
Ele salienta que o fato da Helicoperva atacar a maçã dos pés de algodão, por serem mais rígidas, já preocupava os produtores e agora com a constatação de comer o plástico dos copos acende uma questão de alerta, uma vez que ela transita com facilidade do algodão para a soja e outras plantações com proteínas Bt. Há relatos de ataques, além de culturas agrícolas, também em tomate, pimentão, café e citros ? conforme a Embrapa.
Defendendo o manejo em sistemas agrícolas, buscando limitadores de expansão da praga, durante o Dia de Campo, Márcio apontou para uma área de plantio de algodão em pesquisa que recebeu 1º aplicações de inseticidas. ?O custo é elevado, os riscos de controle são maiores e o que defendemos é o manejo e investigação permanente para detectar a presença da lagarta? ? adverte, lembrando que a presença da praga se deu em função do sucessivo plantio de milho, soja e algodão ? naturais hospedeiros. Os pesquisadores avaliam o plantio de mamona como forma de interromper o ciclo, pelo fato de que a lagarta não ataca a planta.
?A agressividade da lagarta é muito alta e podemos considerar que, o que o cancro foi no passado, a Helicoverpa pode ser o maior inimigo do produtor dos tempos modernos?, diz Márcio, que prevê prejuízos para a próxima safra em Mato Grosso. ?O produtor tem que estar atento e participar dos fóruns de discussão para buscar alternativas de solução do problema?.
O Dia de Campo da Segunda Safra promovido pela Cooaleste contou com a presença de aproximadamente 200 participantes das cidades de Alto Garças, água Boa, Campo Verde, Paranatinga, Santo Antônio do Leste, Novo São Joaquim e Primavera do Leste.
Participaram Du Pont, Pionner, Axor Sementes, Cheminova, Fundação TMG, Estrela da Manhã, Itaforte, Wiser, Balanças Cuiabá, Heliago/Semeati, Fmc, TecControl, Nidera Sementes, Calcário Imperio, Mitsubishi, Paetto, Singenta, Rodobens, New Holland e Michelin. ?Estamos nos preparando para que o próximo Dia de Campo da Cooaleste tenhamos um leque de expositores com demonstrações de equipamentos e máquinas a altura do mercado produtor de Primavera do Leste?, anunciou Antonio César Caminhas, gerente comercial da cooperativa.