Chapadão do Sul/MS

Mulheres massacradas pelos companheiros fogem de Chapadão do Sul e migram de volta para o Nordeste

Terra de pioneiros e um lugar a ser considerado para se arriscar uma vida melhor, Chapadão do Sul recebeu milhares de sulistas ao longo dos anos. O constante êxodo de nordestinos pelo Brasil também colocou o município no mapa das oportunidades. Após a longa viagem de estados distantes como Alagoas o que fazer quando algo não sai como o planejado. Contratempos fazem parte da rotina de muitos retirantes, inclusive das mulheres que começam a ser espancadas pelos companheiros. Algumas são mortas, outras massacradas diariamente em silêncio, mas a maioria prefere voltar com os filhos como única garantia de vida. Esta foi a decisão tomada por uma dona de casa que sobreviveu ao ataque do ex-marido enquanto o namorado fugia pelado pelas ruas do Parque União recentemente.

Apesar de trágica e cômica a cena ilustra mais uma página da vida real de mulheres que apostaram as vidas para vencerem no mercado de trabalho em Chapadão do Sul. O ferimento causado no ataque furioso e covarde não dói mais que a decisão de jogar tudo para o alto e voltar para o Nordeste, lugar deixado com a intenção de voltar somente nas férias para rever parentes. Cansadas de apanhar duas vítimas de violência doméstica foram embora em 201º

Durante a semana uma mulher teve que ser conduzida ao Pronto Socorro do Hospital Municipal de Chapadão do Sul após ser esfaqueada pelo marido. Ela se salvou somente porque o cabo da faca se soltou no primeiro golpe, quando a lâmina entrou em seu braço. Ao ser surpreendido pela ?falha? do equipamento o homem fugiu com rumo ignorado. A vítima também confirmou a intenção de ir embora.

Em 201ºo Corpo de Bombeiros atendeu uma dona-de-casa agredida a socos e pontapés pelo marido. Enfurecido ele aplicou um gancho no queixo da mulher que quase teve a mandíbula deslocada. A vítima não conseguia falar direito devido ao ferimento. O covarde foi levado pela Polícia Militar e entregue na Delegacia de Polícia.

Através dos trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Estudos e Pesquisas do Desenvolvimento da Sexualidade Humana, constatou-se alguns aspectos do perfil psicológico do “marido agressivo”. Basicamente em todos os casos, o homem possuia uma forte “relação de posse” sobre a mulher.

Em todos os casos o indivíduo agressivo teve uma infância marcada por situações de agressividade. Em sua maioria, vieram de lares onde imperava o “exercício de autoridade”. Pais que constantemente brigavam fisica ou verbalmente diante da criança. Pais que educavam usando “o bater como forma pedagógica” para qualquer situação. Pais que usavam constantes “ameaças” para conseguir da criança um comportamento desejado

a) Problemas mentais – grande parte dos homens agressivos apresenta traços psicopáticos e, a situação onde ocorre a agressividade funciona como um “surto da doença”. Boa parte apresenta traços “paranóides”, isto é, apresentam fantasias, medos e idéias persecutórias profundamente irracionais. Possuem fortes tendências à auto-destruição e auto-agressividade. A mulher funciona como uma válvula para suas tensões e seus “fantasmas”. Ele transfere para a mulher seus temores e tenta destruí-los nela, o que evidentemente, pode gerar consequências gravíssimas. São os casos onde a mulher é barbaramente espancada.

Outro fato é a forma “amor/ódio” em relação a figura materna(que ele carrega da infância para a vida adulta). Agride a “mãe” na mulher logo depois, torna-se carinhoso e amoroso, demonstrando estar muito arrependido. Só que a situação tende a repetir-se sempre.

b) Falta de diálogo – na maior parte dos casais, onde a mulher sofre agressões, pudemos observar uma quase total falta de diálogo. São aqueles casos onde o homem “tem sempre razão”. São aqueles casais com vasto histórico de brigas verbais. O homem que chega à agressão física é aquele que não admite estar errado e “impõe-se pela força física”. Popularmente é “aquele que não dá o braço a torcer”. Nestes casos, observa-se que o tipo de mulher envolvida é aquela que foi gerada e educada em um lar onde imperava o exercício de poder(conforme citamos anteriormente).

Em seu histórico encontramos sempre : “papai brigava sempre com mamãe”. “Meu pai era muito severo, batia em minha mãe e, se eu chorasse apanhava também”. “Me lembro de muitas discussões entre meu pai e minha mãe, na minha infância”. E assim por diante.

c) Marido alcoolisado – em grande partes dos casos o homem estava embriagado no momento da agressão. Em outros a bebida é lugar comum na vida do agressor. O homem que chega à agressão pela bebida, tem uma forte censura psicológica e grande insegurança quanto a sua masculinidade. A bebida age como liberadora desta censura e desencadeia um auto grau de agressividade que estava reprimida. São aqueles “tipos” que quando embriagados dizem “faço e aconteço”, são os “machões”(movidos à álcool). Então em casa eles descarregam em sua mulher suas “incompetências e insatisfações”.

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