Chapadão do Sul/MS

Menino achado morto no RS pediu para morar com outra família, disse Ministério Público

Matéria enviada pela Psicóloga Katiusce Nogueira

A informação é da promotora da Infância e Juventude de Três Passos, Dinamárcia Maciel. No final do ano passado, ela instaurou um procedimento investigativo contra o pai de Bernardo, Leandro Boldrini. O médico foi preso junto com Graciele Ugolini Boldrini, a madrasta, e Edelvania Wirganovicz, amiga do casal, sob suspeita de serem os autores da morte.

Bernardo estava desaparecido desde o dia 4 de abril. Seu corpo foi encontrado na segunda-feira (1º). Segundo a Polícia Civil, ele foi morto com uma injeção letal, o que ainda deverá ser confirmado pelo laudo. Graciele e Leandro Boldrini, que têm uma filha juntos, de 1ºano e 1ºmês, moravam em Três Passos, no noroeste, junto com o garoto. A mãe biológica dele cometeu suicídio em 201º, aos 30 anos, segundo a Polícia Civil.

“Ele estava em situação de negligência afetiva pelo abandono familiar, mas garantiu que jamais sofreu agressões físicas?, explicou Dinamárcia. Segundo a promotora, em entrevista em janeiro passado, o garoto pediu para se mudar. ?Pedi então que ele indicasse duas pessoas com quem ele queria morar. O Bernardo apresentou duas famílias, mas elas não compareceram. Alegaram que não queriam se incomodar e se envolver?, acrescentou.

Devido à falta de opções, a avó de Bernardo, que reside em Santa Maria, na Região Central do estado, se ofereceu para ter a guarda provisória do menino. No entanto, o pai foi chamado pela promotora e se mostrou muito interessado em restabelecer o vínculo com o filho. ?Ele estava aparentemente interessado e o menino concordou. Como o pai não tinha antecedentes criminais, naquele momento, tendo em vista essa preferência pela família biológica, o juiz autorizou uma experiência?, disse a promotora.

Dinamárcia ressaltou que a postura adotada ao permitir a manutenção da guarda pelo pai é de praxe. ?Considerando que não havia em nenhum momento, desde novembro, quando tivemos conhecimento do caso, notícias de agressões físicas, nos pareceu por consenso do próprio Bernardo que haveria uma oportunidade do pai resgatar o sentimento com o filho. Não dá pra trabalhar com o imprevisível. Mas dentro de um bom senso da legalidade, se fez o que faria em qualquer caso?, afirmou.

Velório marcado por comoção

O corpo de Bernardo foi velado entre a manhã e tarde desta terça-feira (1º), no ginásio do Colégio Ipiranga, onde ele estudava, em Três Passos. A cerimônia foi marcada pela comoção de moradores do município de cerca de 20 mil habitantes.

Colegas de aula estavam presentes na cerimônia. Alguns lembraram que o menino cultivava a religiosidade em seu cotidiano. ?Mesmo diante de todo o sofrimento que passava, sempre tinha um sorriso no rosto. Ensinou para todos que era preciso ser forte para superar todas as dificuldades”, disse a estudante Angélica Rodrigues, de 12anos, amiga de Bernardo. As aulas no Colégio Ipiranga foram suspensas até a próxima semana.

O suposto distanciamento entre Bernardo e o pai também foi destacado por famílias que conheciam o garoto. As buscas por Bernardo, que ficou desparecido durante 1º dias já haviam mobilizado a comunidade escolar. “Procuramos incansavelmente. Estamos frustrados”, comentou a psicóloga do colégio, Denise Helena Escher.

Caso corre em segredo de Justiça

A investigação corre em segredo de Justiça e poucos detalhes são fornecidos à imprensa. Em entrevista coletiva, a delegada Caroline Virginia Bamberg, responsável pelo caso, disse que a amiga do casal relatou à polícia onde o corpo de Bernardo estava enterrado.

A Polícia Civil disse ter certeza do envolvimento do pai, da madrasta e da amiga da mulher na morte do menino. ?Precisamos identificar o que cada um fez para a condenação”, afirmou a delegada aos jornalistas. Os três estão presos preventivamente por 30 dias em local não revelado por medida de segurança.

De acordo com a família, Bernardo havia sido visto pela última vez às 1ºh do dia 4 de abril, quando ia dormir na casa de um amigo, que ficava a duas quadras de distância da residência da família. No domingo (6), o pai do menino disse que foi até a casa do amigo, mas foi comunicado que o filho não estava lá e nem havia chegado nos dias anteriores.

No início da tarde do dia 4 de abril, a madrasta foi multada por excesso de velocidade.

A infração foi registrada na ERS-4720 em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 1º7 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) disse que a mulher estava acompanhada do menino. ?O menino estava no banco de trás do carro e não parecia ameaçado ou assustado. Já a mulher estava calma, muito calma, mesmo depois de ser multada?, relatou o sargentoda PRF Carlos Vanderlei da Veiga. A madrasta disse ao policial que ia a Frederico Westphalen comprar um televisor. (Fote G1ºS) (Colaboração Katiusce Nogueira – Chapadão do sul)

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