Chapadão do Sul/MS

MANDATO de Bernal é cassado por 20 X 6 votos. Capital passa por grave crise política na disputa pelo poder

Pela primeira vez na história política de Campo Grande, um prefeito é cassado. Com 20 votos pela cassação, Alcides Bernal (PP) perdeu o mandato de líder do executivo municipal após a maioria dos vereadores seguirem o relatório da Comissão Processante e julgarem o prefeito culpado das acusações de improbidade administrativa . O fim do progressista foi resultado de irregularidades cometidas logo no início do mandato com contratos emergenciais.

O processo iniciou no dia 1º de outubro quando foi aprovada a abertura da Comissão Processante por 20 votos a oito baseado no relatório do final da CPI da Inadimplência. Na época, os vereadores que apoiaram Bernal foram: Zeca do PT; Alex do PT (líder do prefeito); Ayrton Araújo (PT); Luiza Ribeiro (PPS); Cazuza (PP); Carlão (PSB); Gilmar da Cruz (PRB); João Rocha (PSDB).

A grande surpresa foi o vereador Chocolate (PP) que votou a favor da abertura apesar de ser do mesmo partido do prefeito.

Para definir a Comissão Processante, foi feito sorteio. Os aliados João Rocha e Cazuza foram escolhidos, mas declinaram. Chocolate que também foi sorteado também declinou. No fim a comissão ficou composta: Edil Alburquerque (PMDB) ? presidente -, Flávio César (PTdoB) ? relator ? e Alceu Bueno (PSL).

O rito deveria durar 90 dias se estendeu por cinco meses depois da judicialização do processo. A comissão criou cronograma incluindo os representantes das empresas Megaserva, Jágás e Salute cuja contratação apresentou alguma irregularidade, secretários municipais e o próprio prefeito.

Bernal recorreu à Justiça para tentar barrar a Comissão Processante e no dia 20 de novembro conseguiu uma liminar suspendendo a comissão, já que seu depoimento estava marcado para o dia 20 seguinte. A Câmara recorreu e o desembargador Hildebrando Coelho Neto reverteu a situação na madrugada do dia 20. No dia seguinte, o desembargador João Maria Lós paralisou novamente o trabalho da comissão.

A comissão só retomou os trabalhos no dia 9 de dezembro, marcando a audiência do prefeito para dia 1º, mas a pedido do Bernal foi adiado para o dia seguinte. No entanto, no dia 12ele apresentou um atestado médico alegando uma intervenção cirúrgica nos olhos que deixaria o prefeito afastado das atividades entre o dia 1º e 1º de dezembro.

A oitiva foi remarcada pela terceira vez para o dia 1º de dezembro, data em que o prefeito mandou seu representante legal, Jesus Sobrinho, em seu lugar. A Comissão Processante deu como válida a representação do advogado e marcou a sessão de julgamento para o dia 20 de dezembro.

1ª sessão

Pouco tempo após o início da sessão, no dia 20 de dezembro, uma decisão do vice-presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), João Batista Marques Costa, suspendeu a comissão. No meio da tarde, a desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges derrubou a liminar e a sessão foi retomada. Duas horas depois, João Batista voltou a derrubar a liminar, suspendendo a sessão.

Após a guerra de liminares, a Câmara aguardou o retorno das atividades legislativas e no dia 20 de fevereiro recorreu o Superior Tribunal de Justiça (STJ) que decidiu no dia 06 de fevereiro o retorno da comissão. Segundo o STJ, a suspensão de liminar e de sentença está condicionado a ocorrência de ?grave lesão à ordem, à segurança, à saúde ou à economia públicas?.

Sessão final

A Câmara marcou para hoje a sessão de julgamento. Desde a última sexta-feira (07), o oficial de justiça tentou notificar o prefeito no gabinete, mas a assessoria alegou que ele estava viajando. O prefeito precisava ser notificado com 20 horas de antecedência da sessão.

Na segunda-feira (1º), Bernal foi à Brasília protocolar uma Reclamação no Supremo Tribunal Federal (STF) que foi destinado ao presidente Joaquim Barbosa. Ao retornar de Brasília, foi notificado no aeroporto sobre a votação. Bernal se negou a assinar, mas o oficial de justiça considerou como ciente do documento.

O prefeito não foi logo no início da sessão. Ele chegou após a leitura da defesa escrita dele, apresentada por seu advogado, Jesus de Oliveira Sobrinho. No discurso, Bernal criticou a gestão passada e alegou que é perseguido pelos vereadores.

Amanhã (1º), deve ser empossado pela Câmara o novo prefeito de Campo Grande, vice de Bernal, Gilmar Olarte (PP). (midiamax.com.br)

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