Chapadão do Sul/MS

INTERNAUTA: Como discutir o “Gênero” sem constranger ou discriminar em Chapadão do Sul

Esse assunto já vem sendo discutido nos meios jurídicos brasileiros há muito tempo, nós Psicólogos e Médicos, por exemplo, somos orientados a respeitar a identidade de gênero (que muitas vezes é diferente da identidade biológica) do sujeito nos atendimentos. O chamado “nome social”, que é o nome que ele e elas adotam quando se reconhecem com um gênero diferente, por exemplo, sede ser adotado na escola e nos demais órgãos que venham a atender a pessoa para que não se cause constrangimentos a ela.

Segundo o “Guia técnico sobre pessoas transexuais, travestis e demais transgêneros, para formadores de opinião”, cada um(a) de nós é uma pessoa única, que porém tem características comuns à toda humanidade. Elas nos identificam com alguns e nos tornam diferentes de outros, como a região em que nascemos e crescemos, nossa raça, classe social, se temos ou não uma religião, idade, nossas habilidades físicas, entre outras que marcam a diversidade humana (…)

Relembre da sua formação pessoal: desde criança você foi ensinado(a) a agir e a ter uma determinada aparência, de acordo com o seu sexo biológico. Se havia ultrassonografia, esse sexo foi determinado antes de você nascer. Se não, foi no seu parto. Crescemos sendo ensinados que “homens são assim e mulheres são assado”, porque “é da sua natureza”, e costumamos realmente observar isso na sociedade.

Entretanto, o fato é que a grande diferença que percebemos entre homens e mulheres é construída socialmente, desde o nascimento, quando meninos e meninas são ensinados a agir de acordo como são identificadas, a ter um papel de gênero “adequado” (…) Historicamente, a população transgênero ou trans é estigmatizada, marginalizada e perseguida, devido à crença na sua anormalidade, decorrente da crença de que o “natural” é que o gênero atribuído ao nascimento seja aquele com o qual as pessoas se identificam e, portanto, espera-se que elas se comportem de acordo com o que se julga ser o “adequado” para esse ou aquele gênero. Entretanto, a variedade de experiências humanas sobre como se identificar a partir de seu corpo mostra que essa ideia é falaciosa, especialmente com relação às pessoas trans (…)

Em nosso país, o espaço reservado a homens e mulheres transexuais, e a travestis, é o da exclusão extrema, sem acesso a direitos civis básicos, sequer ao reconhecimento de sua identidade. São cidadãs e cidadãos que ainda têm de lutar muito para terem garantidos os seus direitos fundamentais, tais como o direito a vida, ameaçado cotidianamente. Violências físicas, psicológicas e simbólicas são constantes (…)

Essas violações repetem o padrão dos crimes de ódio, motivados por preconceito contra alguma característica da pessoa agredida que a identifique como parte de um grupo discriminado, socialmente desprotegido, e caracterizados pela forma hedionda como são executados, com várias facadas, alvejamento sem aviso, apedrejamento (…) Muito ainda tem de ser enfrentado para se chegar a um mínimo de dignidade e respeito à identidade das pessoas transexuais e travestis, para além dos estereótipos.

Um deles leva alguns a se esquecerem que a pessoa transgênero vivencia outros aspectos de sua humanidade, para além dos relacionados à sua identidade de gênero. Entre as pessoas de um mesmo grupo há grande diversidade: as pessoas brancas não são todas iguais, como não são as pessoas negras, mulheres, homens, indígenas, transexuais e tantas outras. As pessoas trans, como quaisquer seres humanos, podem ter diferentes cores, etnias, classes, origens geográficas, religiões, idades, orientações sexuais, uma rica história de vida, entre outras características (…)

Cada pessoa transexual age de acordo com o que reconhece como próprio de seu gênero: mulheres transexuais adotam nome, aparência e comportamentos femininos, querem e precisam ser tratadas como quaisquer outras mulheres. Homens transexuais adotam nome, aparência e comportamentos masculinos, querem e precisam ser tratados como quaisquer outros homens. Pessoas transexuais geralmente sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem “corrigir” isso adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode se dar de várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos hormonais e até procedimentos cirúrgicos. ”

O que realmente importa nisso tudo é justamente trabalhar o respeito da sociedade em relação à identidade de uma pessoa, à sua orientação, às suas características. Não devemos aceitar a violência como sendo algo normal a ser utilizado nesses casos, pois os números são absurdos, basta pesquisar e veremos que muitos são mortos de forma cruel apenas por não se enquadrarem” naquilo que a sociedade classifica como sendo normal”. A normalidade é algo muito relativo e as pessoas precisam o quanto antes entender e respeitar isso. (Fonte Katiusce Nogueira – Psicóloga)

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