Chapadão do Sul/MS

Fogo devasta três propriedades rurais, entre elas a do vereador Alírio Bacca. Faiscas de trem pode ter sido a causa

Mais de vinte hectares de pastagens, mata nativa, árvores frutíferas, mourões de aroeira e benfeitorias foram calcinadas em três propriedades rurais no lado cassilandense da divisa com Chapadão do Sul na tarde de ontem. O vereador Alírio Bacca – proprietário de seis hactares – está entre os proprietários que tiveram prejuízo elevado. Os danos serão totalizados através de perícia. Um Boletim de Ocorrência foi registrado na Polícia Civil. Segundo o documento não está descartada a possibilidade das chamas terem iniciado por fagulhas nos trilhos dos trens.

Não sobrou absolutamente nada intacto nos seis hectares do vereador Alírio Bacca. A pastagem que já estava até alugada desapareceu, Mourões de aroeira de nove furos viraram carvão, um barracão que servia de sede foi completamente queimado. A cerca de aroeira tinha mais de 20 anos e estava em excelente estado de conservação. Alceu Balbi Carmona e Alfredo Zanela são os outros proprietários prejudicados pelo incêndio.

PROCESSO – O juiz ângelo Alencar dos Santos, da comarca de Açailândia-MA, condenou a Vale a indenização de danos materiais e morais por ter provocado incêndio em 30 alqueires de pastagem de uma fazenda, por causa do esmerilhamento dos trilhos da ferrovia. A indenização é de mais de R$ 12 mil reais. Várias outras comunidades sofrem pelos outros problemas. Em 201º, as comunidades do interior do município de Açailândia foram gravemente ameaçadas pela extensão do incêndio até à entrada dos assentamentos.

SOBRE O INCêNDIO

Cerca de 12 famílias do Acampamento João do Vale, situado na Fazenda Conquista, no município de Açailândia (MA), denunciam que seus barracos estão ameaçados por incêndio provocado por faíscas expelidas durante a manutenção dos trilhos da Ferrovia Carajás, administrada pela mineradora Vale. As famílias Sem Terra relatam que o fogo iniciou nas proximidades da ferrovia e foi se espalhando, atingindo agora a área da fazenda ocupada e causando enormes prejuízos e pondo em risco a vida dos trabalhadores.

O incêndio, iniciado por volta do dia 1º de setembro, já consumiu 200 hectares, incluindo matas nativas, florestas emergentes e toda a biodiversidade, já que essa é uma região que fazer parte da Amazônia. A comunidade encaminhou denúncia ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ao Instituto Chico Mendes, mas até o momento nenhuma providencia foi tomada. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrário (INCRA) foi informado e se comprometeu em fazer denúncia oficial aos órgãos competentes, já que a área em chamas pertence a União.

?é muito importante ressaltar que todas as acusações de incêndio sempre responsabilizam os trabalhadores rurais como culpados. Exigimos das autoridades que tomem providência e punam os responsáveis do incêndio?, cobra Maria Divina, da coordenação do MST.Segundo ela, as famílias do acampamento e de outras comunidades rurais próximas vivem momentos de aflição e insegurança por seu lar e suas vidas ameaçadas e por assistirem a natureza sendo destruída.

Os trilhos da Estrada de Ferro Carajás, que liga Parauapebas, no Pará, São Luís, no Maranhão, percorrem cerca de 800 quilômetros por terras maranhenses. Nesse trecho, o que se vê de um lado e de outro da ferrovia, quando não são povoados muitos pobres, é uma imensidão de terras devastadas, varridas em consequência do projeto de mineração da região. (redação e Célia Fontineli)

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