“Não bastasse a frustação da colheita de milho nesta safra os custos de produção dispararam”. A avaliação foi feita pelo vice-presidente regional da Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), o produtor rural Lauri Dalbosco, no renomado Canal AgriMercado em rede nacional. A entrevista teve como foco a variação climática que afeta a economia mundial em todos os grandes mercados e seus efeitos na safra de milho que causou perdas que variaram em torno de 40% de quebra e os novos desafios da classe produtiva que precisa honrar os compromissos com a indústria nos negócios que já tinham sido contratados.
O Canal AgriMercado trata exclusivamente do mercado do agronegócio no mundo e as variações das cotações de bolsas e do dólar. Neste momento a economia segue sendo influenciada também pelo aumento de casos de Covid-19 no velho continente, nos EUA e sempre sujeito a temida volta da retração no ritmo dos negócios. O mercado de commodities agrícolas teve forte alta no último final de semana. É afetado diretamente pelo fator chamado clima. A cotação do soja subiu dois pontos percentuais na bolsa de Chicago e o milho um ponto devido a previsão de seca nos EUA e Canadá que causará danos à produção de canola que tem naquele País o principal produtor
Segundo Lauri Dalbosco o milho na safra principal foi afetado no Brasil (Região Centro Oeste) pela falta de chuvas regulares em Chapadão do Sul e região. O dirigente confirmou que a classe produtiva foi duramente atingida porque o plantio do soja também sofreu um atraso diante da falta de chuva . Isso atrasou a janela do milho porque parte dele se deu fora deste momento meteorológico.
Um veranico forte de cerca de 30 dias em junho atrasou a cultura. Não bastasse isso o grão plantado fora desta janela até desenvolveu, mas sem o desempenho tradicional de uma boa safra. Logo a seguir uma chuva muito boa revitalizou a lavoura cujas espigas foram formando já com hipótese de quebra. Também chegou a geada, rara na região, mas acabou se formando com força e fazendo estrago. Agora – na fase da colheita – o produtor rural percebeu que o problema é bem maior que o imaginado
O milho da janela era sempre acima de 120 sacos em Chapadão do Sul. O produtor está convivendo com quebras em torno de 35 a 40% porque o grão perdeu peso. “Virou um balaio de gado, algumas lavouras até colheram bem, na casa dos 140 sacos, mas a maioria teve prejuízo. Como as atividades se deram com intensidade fora da janela os produtores plantaram muito sorgo. Chegou a chuva, mas a geada causou uma quebra de ate 60% desta cultura, apesar de sua resistência. Com os problemas climáticos acentuados o produtor até está acostumado, mas a situação atual é diferente porque precisam honrar os compromissos com a contratação de cerca de 40% do milho.
“Temos que nos reprogramar e nos preparar para o que vem pela frente como o preço do adubo”, cujo custo de produção será o mais alto da história, alertou Lauri Dalbosco. O produtor precisa ficar atento com o endividamento para voltar a produzir e colher com segurança quando a situação se normalizar. Os implementos tiveram alta no mercado internacional, assim como o adubo, cuja tonelada teve o preço praticamente triplicado.