As cidades periféricas a Chapadão do Sul estão em alerta constante contra ataques de morcegos hematófagos que transmitem raiva e matam bovinos, suínos e outros animais. Também são fatais para seres humanos porque a doença não tem cura. A única forma de evitar as mortes e prejuízos é a vacinação. Em 2020 cerca de 29 propriedades foram contaminadas entre Costa Rica, Chapadão do Sul, Paraíso das Águas, Cassilândia e Paranaíba.
Já em 2021 Cassilândia registrou seis novos focos e Paranaíba 14, incluindo a perda de várias cabeças de gado. Sobre o assunto a Médica Veterinária Monique Candido da Silva (Fiscal Estadual Agropecuária) da IAGRO (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) destacou a importância da vacinação nas áreas afetadas e o prejuízo na cadeia econômica causada pelo morcego hematófago.

Segundo Monique Candido da Silva o pecuarista é o maior aliado da Iagro porque conhece bem o território e sabe localizar com precisão as furnas e outros esconderijos usados pelos morcegos. Após o mapeamento da área técnicos do órgão efetuam a captura e remoção dos animais.
Chapadensenews.com.br –
Quantos casos de raiva ocorreram na região de Chapadão do
Sul?
Dra. Monique Candido da Silva
Os focos de raiva surgiram em 2019, quando foram constatados 8
casos em Costa Rica e 1 em Chapadão do Sul. A partir de então, o vírus
se disseminou para os outros municípios da região, seguindo os cursos
dos rios Sucuriú, Paraíso e Santana, chegando a contaminar 29
propriedades no ano de 2020, entre Costa Rica, Chapadão do Sul,
Paraíso das Águas, Cassilândia e Paranaíba. Além do mais, em 2021
Cassilândia registrou seis novos focos de raiva e Paranaíba 14.
CN – Quais as recomendações aos pecuaristas em caso de
ocorrência?
MCS – É recomendável que todos os pecuaristas façam a vacinação contra
raiva. Mas ela só obrigatória na propriedade e na vizinhança onde
ocorreu foco da doença. Vale lembrar que deve ser feita a dose de
reforço após 30 dias, nos animais que tomaram a primeira dose.
CN – Quais animais são atacados pelo morcego e qual o perigo de
serem consumidos?
MCS – O principal transmissor do vírus da raiva é o morcego hematófago
(aquele que se alimenta de sangue), que tem os herbívoros domésticos
como sua principal fonte de alimento. Por esse motivo, 80% dos casos
de raiva no Brasil acontecem nos bovinos e sua ocorrência está
relacionada com número de morcegos em uma região – quanto mais,
maior a chance de ocorrer a doença. Por esse motivo, havendo
suspeitas, os pecuaristas devem sempre comunicar a IAGRO e tentar
encontrar abrigos dos morcegos hematófagos, para que sejam
iniciadas a ações de controle.
Contudo, qualquer espécie pode ser atacada por um animal positivo e
todos os mamíferos de sangue quente podem contrair a raiva, inclusive
o homem. Além do mais, no contato com um caso positivo é possível
contrair a raiva. Por isso, eles não podem ser consumidos (mesmo
porque vêm a óbito em poucos dias), o que gera enormes prejuízos
econômicos à cadeia pecuária e representa um grave problema de
saúde pública.
N – Onde os morcegos podem ser encontrados?
MCS – Os morcegos podem ser encontrados em abrigos naturais – como
cavernas, grutas e troncos de árvores – e em abrigos artificiais – como
pontes, bueiros e casas abandonadas. Basta que o ambiente seja
úmido, escuro e fresco para que um morcego possa instalar sua
colônia. Por isso, quando a IAGRO tem o conhecimento da localização
dos abrigos, cadastra, monitora e captura os morcegos hematófagos
periodicamente, a fim de reduzir sua população.
CN – A raiva tem cura quando o ser humano é infectado?
MCS – A partir do momento em que a raiva se instala o organismo, não há
cura. Quase todas as pessoas que a contrariam vieram a óbito e os
poucos sobreviventes ficaram em estado vegetativo. Por isso, caso
haja contato com animal suspeito de raiva ou sofra ataque por cães,
gatos, morcegos, animais silvestres ou qualquer outra espécie de
mamífero, deve-se procurar, imediatamente, a secretaria de saúde do
município para tomar vacina ou soro antirrábico, a fim de evitar que a
doença de instale.
Monique Candido da Silva
Médica Veterinária
Fiscal Estadual Agropecuária


