Articulistas
Claudinei Poletti (Advogado)
Dr Marcus Vinícius Tieppo Rodrigues (Promotor de Justiça)
A morte há poucos dias do discreto, mas ótimo baterista dos Rolling Stones, Charlie Watts, trouxe à tona, ao menos, duas questões: (i) de que material é feito Keith Richards? e (ii) estamos próximos do fim das grandes bandas do Rock and Roll?
A primeira não poderá ser respondida por enquanto e somente será se um dia cientistas se debruçarem e envidarem esforços hercúleos para saberem a exata composição corporal do guitarrista que, segundo seus cálculos, já cheirou toneladas de cocaína, chegando ao ápice quando cheirou as cinzas do próprio pai, pensando ser o pó colombiano e, ainda assim, está na ativa, com quase oito décadas de existência (neste mundo, porque também não se sabe se veio de outro): Sabe-se apenas que se um asteroide colidir contra a terra sobrarão as baratas e o Keith!
Já a segunda é fácil: sim, as grandes bandas de Rock and Roll estão acabando, sem deixar herdeiras. Não apenas elas, mas os grandes e não somente do rock, mas de todos os estilos musicais.
Não, não estamos afirmando que os Rolling Stones acabaram. Se Mick Jagger tivesse morrido, dificilmente haveria substituição (vide a patética tentativa do Queen ou da Legião Urbana, no Brasil). Bateristas, por melhores que sejam, são mais facilmente substituíveis que vocalistas icônicos, salvo se eles fizerem o papel de front man, como é o caso de Angus Young do AC/DC (todo mundo vibra com a postura de Angus nos palcos!).
Imaginamos que a banda fará a programada turnê, até para homenagear aquele que, segundo muitos, sempre foi o esteio da banda e será mais uma vez a última turnê dos Stones, afinal de contas, pedras que rolam não criam musgos: as pedras continuam rolando.
É inegável, no entanto, que o tempo, esse instituto que, a exemplo do foguete do Paulo Guedes, não tem marcha ré (sabemos que o assunto não é política, mas a ironia foi inevitável) está, implacavelmente, decretando que os grandes vão acabar, embora a genialidade ganhe registro eterno (prova disto são as composições musicais de Mozart, Beethoven etc.).
Mas estabelecer que a culpa é apenas do tempo e seus desígnios é ser simplista demais. O fato é que há muito não surgem substitutos ou “similares” e, por isso, os grandes estão-se indo.
Dos Beatles, que como banda não existe há mais de meio século, mas ainda está muito viva, restaram somente Paul McCartney, o mais genial do quarteto (desculpem aí os apaixonados por John Lennon, mas é um fato) e o baterista Ringo Starr, sempre contestado como músico, mas que quando começou a cantar calou a boca dos críticos, mostrando que não era tão mau baterista assim, se comparado a como é como cantor.
O AC/DC perdeu, em 2017, um dos irmãos Young, o Malcolm. Ano passado, foi Eddie Van Halen. No Kiss, que planeja a última turnê, seus ícones, Gene Simmons, já passou dos setenta e Paul Stanley, chega lá ano que vem. No Metálica, já se iniciou a era dos “tiozões”. E, até o momento, nada de novo. Não nesses níveis. Ora, tínhamos sequencias de grandes bandas que surgiram inspiradas em outras como por exemplo o Guns´n Roses que sempre visualizaram como base os Stones e o Aerosmith! E hoje, quem sucederá ao U2? Teríamos então lacunas, como no caso de Led Zeppelin?
Bruce Springsteen, o “The Boss”, já está na fase dois do “tiozão”, assim como a Madonna, embora ainda deixem muitos “jovenzinhos” no chinelo. No “pop”, John Bon Jovi, que para os roqueiros é meloso demais, arrancou seu último fio de cabelo da cor natural na semana passada. A lista é maior, evidentemente, mas fiquemos por aqui.
No Brasil, o Rock parou nos anos oitenta, com alguns suspiros na década de noventa. O último “poeta do Rock”, o Chorão, já se foi há quase uma década. Muitos ainda estão na estrada, mas a menos que Keith Richards tenha descendentes em terras tupiniquins, não se pode falar que têm tanto tempo assim pela frente.
Para não dizerem que só falamos de rock, o sertanejo raiz não tem ninguém novo há quanto tempo? E o sertanejo guitarra e bateria? Chitão, Xororó e Zezé foram os últimos (pelo amor de Deus, não digam que o Luciano canta. Isso faria do Ringo Starr um tenor).
Música popular brasileira? Marisa Monte e Adriana Calcanhoto já estão com o modo “vovós da música” acionados.
Saudosismo? Não, fatos.
E o Luan Santana, Wesley Safadão e a Annita? Podemos não falar nada?
Mas, voltando ao que interessa (para nós, óbvio), as grandes bandas de Rock estão mesmo acabando e não há reposição. Porém, o bom e velho Rock and Roll não morrerá jamais, daqui a cem anos as pessoas ainda ouvirão Elvis Presley, Stones, Beatles, Kiss, Led Zeppelin e outros e o Keith Richards, provavelmente, estará lá.
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