A proximidade das araras com os humanos em Chapadão do Sul – aparentemente – vem acontecendo naturalmente após a proibição de captura deste belo animal. A secretaria de Obras e Serviços começou a construir caixas adaptadas para os ninhos e evitar que elas destruam a polpa das paineiras plantadas ao longo das avenidas, principalmente na frente do prédio do novo Paço Municipal e arredores. Os animais estão acostumados com o movimento de carros e pessoas e convivem naturalmente no meio urbano. Estas caixas serão instaladas em todos os bairros de Chapadão do Sul.
Araras voando faz parte da rotina de quem mora em Chapadão do Sul. As aves chamam atenção pelo barulho e encantam pelas cores, as canindés (Ara ararauna) pelo azul e amarelo, as Ara chloropterus pelo vermelho vivo e as híbridas, espécie resultado do cruzamento entre as canindés e as vermelhas. Esta última é mais colorida e mescla tons de azul, verde, amarelo, vermelho e laranja.

Neiva Guedes faz o monitoramento das espécies em Mato Grosso do Sul desde 1989, quando teve o primeiro contato com araras-azuis no Pantanal. Na época, surgiu o projeto Arara Azul, que ajudou a tirar a espécie da lista de animais em extinção. Ela estuda os animais em Campo Grande
O projeto virou Instituto e, atualmente, abrange várias espécies, no Pantanal e em áreas urbanas do estado. Além de presidente do Instituto, Neiva também é professora do programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional da Uniderp. Neiva disse ao G1 que acompanha a migração das aves para a área urbana desde 2000 e que o surgimento das araras híbridas é recente no estado.
Ela acredita que o cruzamento das espécies pode ter ocorrido em cativeiro e que os filhotes foram soltos na natureza, mas ressalta que não pode afirmar como e quando surgiram as primeiras híbridas. “Não sabemos de fato se alguém fez o cruzamento e depois liberou, mas o fato é que hoje a reprodução dessas híbridas está acontecendo naturalmente e, no futuro podemos ter novas espécies”, explicou.

A arara vermelha é maior em tamanho do que a arara canindé, mas no caso das híbridas, Neiva diz que o tamanho dos filhotes variam. “Esse híbrido acaba misturando o DNA das duas espécies e está no intervalo de tamamho entre a canindé e a vermelha. A arara-azul é a maior de todas, considerada a rainha das araras, e é mais rara de ser vista nas cidades. Já tivemos filhotes em Campo Grande com tamanho mais próximo da vermelha e filhotes mais próximos da canindé, o fato é que nenhum é igual a outra, cada uma é um bicho diferente”, afirmou.