Chapadão do Sul/MS

OUTROS TEMPOS – Coronel Adib Massad segue como lenda da Segurança Pública em MS. “Bandido perdeu medo da Polícia”

          A inauguração da nova sede do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) com o nome do lendário Coronel Adib Massad (In Memoriam) retrata sua importância histórica para  Polícia Militar de MS, principalmente no Sul do Estado com a região de fronteira entre  ao Brasil e o Paraguai / Bolívia, onde a lei era dos mais fortes na década de 70 para 80. Há uns 25 anos eu (Cesar Rodrigues) cheguei em Dourados, vindo de Porto Alegre. Sem saber da realidade local entrei em várias “frias” achando que o exercício do jornalismo naquela região tinha a mesma formatação. Bater de frente com o crime organizado  na fronteira não é nos mesmos moldes dos grandes centros. Geralmente o jornalista morre. Demorei para descobrir este detalhe. Quase não deu tempo…

Voltando ao Coronel Adib Massad, ele já era lendário quando cheguei na terra de Marcelino Pires (Dourados). Não eram poucas as histórias que escutava do destemido policial militar. Reeditamos – como homenagem – uma de suas últimas entrevistas ao jornal O Progresso. Quando perguntado se encaixaria nos moldes da segurança publica de hoje respondeu. “Acredito que não, sempre fui mais prático que burocrático”. Ao falar de Dourados, cidade onde foi vereador diz ter feito inúmeros amigos em toda a região.

No final dos anos 80 Coronel Adib Massad assumiu o GOF (Grupo de Operações de Fronteira) um misto de policiais civis e militares criado com a missão de agir ostensivamente as áreas rurais dos municípios que fazem fronteira com o Paraguai, numa extensão de  620 km, para prevenir e reprimir o contrabando, o roubo de cargas e veículos, o narcotráfico, abigeato (furto de gado) e os demais crimes inerente à região como assaltos aos proprietários rurais.

O GOF foi criado em 20 de maio de 1987  em  Dourados. Mais tarde a denominação mudou para Departamento de Operações de Fronteira e teve sua área de operação expandida para toda a extensão do limite do Brasil com a Bolívia  chegando na totalidade de 1851 km de fronteira internacional. Adib Massad ficou conhecido como militar de linha dura que impunha respeito aos criminosos porque desvendava crimes complexos e tirava de circulação bandidos de alta preciosidade.

ENTREVISTA

O PROGRESSO – O senhor que atuou por muito tempo em Dourados e na região qual impressão carrega daquela época?

CORONEL ADIB – Só tenho boas lembranças, não tenho mágoas de ninguém e de Dourados principalmente que foi a cidade que me deu a oportunidade de trabalhar em outros lugares por onde eu passei. Tudo isso faz parte da minha vida, do meu trabalho, de poder desempenhar o melhor serviço.

P – Quais os tipos de lembranças que o senhor carrega de Dourados?

C.A. – Graças a Deus tenho assim somente boas lembranças de Dourados pela amizade que conquistei, pelo respeito, quer dizer, não tenho palavras para mencionar aqui o meu agradecimento ao povo de Dourados por ter me tolerado esse tempo todo que eu passei aqui?

P – O senhor acha que cumpriu sua missão na Policia Militar de Mato Grosso do Sul?

C.A. Creio que sim, acredito que se eu tivesse continuado porque eu quando passei para a reserva eu tinha muitas condições para continuar trabalhando, mas o regulamento exige que nós já temos o tempo certo para permanecer principalmente na Policia Militar. Isso tem que ser cumprido e eu cumpri conforme aquilo que foi determinado?.

P – O senhor acredita que teria condições de trabalhar nos moldes da segurança pública de hoje e no quadro que a violência é hoje?

C.A. Eu creio que não. Não por recusar, mas sim por falta de conhecimento na parte burocrática. Acontece que eu me considero mais prático do que burocrático. Então trago comigo esta experiência na vida. Não me considero preparado suficientemente para uma situação atual, até pelo desenvolvimento, o crescimento e o surgimento de tantas coisas novas, a modernização da segurança, em função de tudo isso eu não me sinto preparado para enfrentar uma segurança pública como a de hoje?

P – O senhor tem acompanhado as mudanças e acredita que esta época é bem diferente da sua?

C.A. – Na época era diferente. Cada época é uma época e eu tive sorte porque sempre tive bons companheiros, bons superiores, bons chefes, não desfazendo de ninguém da atualidade porque compreendo que cada um está cumprindo com a sua missão, então, eu me sinto bem em ver os meus colegas, amigos, autoridades superiores, se esforçando para atingir o melhor objetivo possível. Torço por eles, torço pelos policiais de hoje com toda a certeza e de todo o meu coração?. (Fonte Jornal O Progresso)

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