Chapadão do Sul/MS

MORTE da cantora Delinha teve minuto de silêncio na inauguração do Paço Municipal em Chapadão do Sul

      Antes da solenidade de inauguração do Paço Municipal Edwino Raimundo Schultz – na manhã de hoje – foi feito um minuto de silêncio pela morte da cantora Delinha (Delanira Pereira Gonçalves – 85 anos). Era a “Dama do Rasqueado). Faleceu em Campo Grande após uma pneumonia, ficou internada por onze dias até receber alta no dia 25 de maio e se recuperava em casa. Ele já esteve em Chapadão do Sul, em show na Praça de Eventos.

Grande cantora, Delinha ficou conhecida carinhosamente como a “Dama do Rasqueado” pelo talento nos palcos que arrastava multidões para os bailes. A chamamezeira nasceu em Vista Alegre, distrito de Maracaju, em 7 de setembro de 1936. Mudou-se com os pais para Campo Grande quando tinha 8 anos de idade e foi morar na então casinha de madeira, no Bairro Amambaí, onde viveu até seus últimos dias.  

Pequenininha, cantava “A Jardineira”, música de Orlando Silva, o que levou sua mãe a colocar no coral da Igreja Perpétuo Socorro, na qual ela cantou até depois de noiva. Em 1968, perdeu  o pai e dezoito anos depois a mãe, vítima de câncer. Por causa da música, conheceu Délio, seu companheiro em mais de 50 anos de carreira. Os dois se casaram em 1958 e ficaram conhecidos como o “casal de onças do Mato Grosso”. A dupla gravou 19 LP’s, 2 Compactos, 14 78 rotação, 4 CD’s e 2 DVD’s. São os artistas sul-mato-grossenses com a maior discografia da história do Estado com 32 títulos.

Os dois chegaram a morar 8 anos em São Paulo, na intenção de fazer sucesso nas rádios e programas de televisão da época. Voltaram para Campo Grande consolidados e aqui permaneceram.  Foram 25 anos casados até o divórcio. Depois da separação, Delinha ficou um tempo sem produzir música até que em 1978 voltou a se reunir com Délio quando foram convidados para cantar em show no Círculo Militar. Mas foi em 1993 que a dupla voltou de verdade para os palcos, motivada pelos admiradores da música e fãs. Cantaram juntos até 2010, ano do falecimento de Délio.

 Delinha perdeu dois maridos, Délio em 2010 vítima de câncer e Jairo Barbosa em 2012 após complicações de hipertensão. Ela foi casada com Jairo durante 32 anos após separação com Délio. Depois do luto, Delinha seguiu carreira solo. Filha única, na casinha de madeira onde foi criada e com a mesa onde aprendeu as primeiras letras do alfabeto, seguiu recebendo amigos, músicos e cantando.

Em 2014, no aniversário de 78 anos, Delinha recebeu a equipe do Lado B pela primeira vez na residência que ouviu o “Sol e a Lua” muitas vezes. Naquele tempo a casa já era recheada de muitas histórias, lembranças de shows, discos, troféus e as saias rodadas, mais de 200 para a cantora escolher em suas apresentações. O mais importante era o altar de nossa senhora. Religiosa, Delinha rezava todas as noites.

Quando completou 80 anos, em 2016, Delinha virou estrela de um documentário sul-mato-grossense: “A Dama do Rasqueado”, da cineasta Marinete Pinheiro. No ano seguinte, o filme foi vencedor da Mostra Nacional do Sesc e rodou o País com exibições gratuitas. Em 2020, quando a pandemia da covid-19 exigiu isolamento, a voz da Dama do Raqueado só chegou ao seus fãs por meio de live e um pen drive com mais de 300 músicas. Foi a chance que a cantora teve de animar seus fãs com canções que marcaram a época e sem sair de casa.

Meses depois, quando artistas foram para a internet se apresentar em lives, Delinha teve sua apresentação transmitida pelo Campo Grande News a 56 mil pessoas. Naquele mesmo ano, ainda de máscara e seguindo o distanciamento, Delinha concedeu uma entrevista pra lá de divertida ao Lado B falando sobre o cigarro e a “marvada” [bebida]. Na ocasião, a frase “envergo mas não quebro” ficou marcada e o desejo era chegar, pelo menos, aos 100 anos. (campograndenews.com.br)

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