Chapadão do Sul/MS

HÁ 20 ANOS – O que você estava fazendo em Chapadão do Sul no 11 de setembro de 2001? O terrorismo triunfou?

Claudinei Poletti / Advogado

Onde você estava no dia 11 de setembro de 2001? O que estava fazendo? O que
fez depois dos ataques às torres gêmeas? Quem viveu aquele dia dificilmente
esquecerá, vinte anos após ou daqui a vinte ou quarenta anos ou quantos mais.
Eu estava em Curitiba, para uma reunião na empresa Ovetril. Estávamos o
senhor Edmund Grandi, o Jorge Michelc e eu. Quando entramos no taxi do hotel
para a empresa, aconteceu algo peculiar, uma coincidência em relação ao que
aconteceria pouco depois.


O senhor Edmund, um francês que à época já vivia no Brasil há mais de vinte
anos (ainda vive), mas cultivava um forte sotaque, sua “marca registrada”, sentou-se
na frente e, como sempre fazia começou a conversar assuntos diversos com o
taxista.


O taxista era negro e o assunto logo foi para a existência de racismo, não só
no Brasil, mas no mundo todo. O senhor Edmund explicou que não era racista, que,
inclusive, tinha um genro, na França, que era negro e de quem gostava muito, como
se fosse filho.


Disse, ainda, que conhecia o mundo todo e que teve contato com todas as
raças e que somente não gostava de árabes. Lembro exatamente da frase: “eu só
não gostarrrr de arrrrábes. Arrrrábes são terrorristáás”. Enfim, o restante da
conversa, não me recordo, mas esse trecho acabou ficando marcado.
Já na empresa, estávamos na recepção, aguardando para a reunião, quando
a televisão mostrou o primeiro avião se chocando numa das torres gêmeas.
Demoramos um pouco para entender o que estava acontecendo, eis que parecia
montagem ou algo do gênero, mas não era.


Qual foi a primeira frase do Edmund? “eu falar, arrrrábes, terrorristáás”. Bem,
não estou julgando o povo árabe, que, em sua maioria não é terrorista, apenas
relatando algo que ficou muito marcado, além, obviamente, do absurdo atentado,
esse sim o fato relevante, que dividiu o mundo em antes e depois, mais uma vez.
A reunião foi rápida e, felizmente, produtiva. Finalizamos um acordo que
estava alinhavado. Da empresa, fomos almoçar. Quando estávamos entrando no
restaurante, imagens do segundo avião se chocando na outra torre. Não tinha uma
pessoa no local e, creio, no mundo, que estivesse acreditando no que se via.
Tínhamos dois voos para aquele dia, de Curitiba para São Paulo e de São
Paulo para Campo Grande e para Goiânia, no caso do Edmund. Nem é preciso
dizer que foi tenso, muito tenso. Para completar, em São Paulo, enquanto
aguardávamos no aeroporto, o Jorge teve a brilhante ideia de comprar uma espada
ninja ou algo similar. Evidentemente que fomos revistados, quase ao ponto de
termos que tirar roupa. Confesso que quando desci do avião, em Campo Grande,
tive uma sensação de alívio muito grande.


O restante, hoje é história, triste história e que poderia ter sido ainda pior,
mas que era previsível, uma vez que os americanos, eternos produtores e
vendedores de armamentos, criaram os monstros. A luta por terras e por riquezas,
como o petróleo, sempre esteve no centro dos conflitos, potencializados por
fanatismos religiosos ou similares.
Bem, se o mundo se divide, ao menos quanto ao terrorismo, em antes e
depois do 11 de setembro de 2001, quer dizer que não teremos outros ataques do
tipo?


Difícil prever. Mas se engana quem imagina que os conflitos pelas mesmas
coisas terminem algum dia, mesmo que os carros elétricos, que já são realidade,
diminuam em muito a dependência do mundo em relação ao petróleo.
Basta ver o que aconteceu há poucos dias no Afeganistão, por coincidência
exatos vinte anos depois. O senil presidente americano, também conhecido como
Joe Biden, ao abandonar o país, um erro estratégico iniciado por Trump, mas que
em si até se justificaria, é potencializado pelo fato de que deixaram para os talibãs
armamentos militares de fazer inveja à maioria dos países do mundo. Ah! Adivinhem
quem mais mandou armas para lá? Sim, ele mesmo, o presidente “margarina”,
Barack Obama, mas essa é outra história.


De qualquer forma, 11 de setembro de 2001, embora não devesse ter
existido, embora devesse ser esquecido, varrido da história, jamais o será e quem
viveu, vai lembrar para sempre o que fez naquele dia. E você, o que estava
fazendo?

Claudinei Poletti / Advogado

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