Claudinei Poletti – Advogado
Recentemente, no “Flow Podcast”, as opiniões de um Youtuber e de um Deputado Federal acerca do nazismo geraram o recrudescimento do assunto. Sem adentrar no mérito (se é que tem algum), é de se lamentar que em 2022 alguém ainda cogite debater esse excremento que foi o nazismo. Se por um lado o nazismo deve ser lembrado por todo o sempre como forma de deixar as futuras gerações alertas para o quão cruel o ser humano pode ser, por outro, ficar debatendo, analisando, argumentando e, enfim, repercutindo o assunto, é absolutamente inadmissível. O nazismo, como disse antes, deve ser lembrado somente para que vigore a máxima de que quem conhece o passado não repete os memos erros no futuro. Todo o resto, dever, sim, ser criminalizado.
Entretanto, o outro lado da moeda, seu irmão siamês, também deveria ter sido criminalizado, há muito tempo. Falo, evidentemente, do comunismo, que não é menos nefasto que seu par, o nazismo. E isso, diferentemente do que alegam os defensores da foice e do martelo, não é um argumento condicionante, do tipo: se o comunismo não é criminalizado, o nazismo também não deveria ser. Não. Os dois devem ser, e ponto. Infelizmente, no Brasil, somente um é, mas isso não pode ser, nem de longe, argumento para descriminalizá-lo.
Contudo, o comunismo é ferrenhamente defendido pela “beautiful people”, ou seja, aquela casta de “pessoas superiores” que somente querem o bem da humanidade, de preferência regada a doses cavalares de um certo pó branco que deixou famoso um certo “patron” colombiano.
O argumento para que um seja criminalizado e o outro não, é pueril demais para ser lavado a sério. Segundo a “cheirosa” casta superior, o nazismo tem, na essência, a discriminação de raças ou a alegada superioridade de uma raça sobre as demais (o que é fato), enquanto a doutrina comunista somente prega a igualdade de todos, sem qualquer discriminação, o que sequer é verdade. De qualquer sorte, se o que determinasse as atitudes de ambos se restringisse a seus “estatutos”, sim, somente o nazismo seria criminoso.
Ocorre que, quando saem do papel para a prática, ambos são nocivos, nefastos e, principalmente, destruidores de vidas, de muitas vidas. Na verdade, o comunismo matou mais gente que o nazismo (o que, repita-se, não torna o nazismo menos ruim). Somente os dois expoentes do comunismo, Stalin e Mao Tse-Tung, eliminaram nada menos que noventa milhões de pessoas e de forma não menos cruel do que a que se viu nos campos de concentração nazistas.
Russos e, principalmente, ucranianos (os mesmos que atualmente estão sendo ameaçados pelo “conservador” Vladimir Putin), foram submetidos à fome, até definharem. Não foi diferente com os chineses, principalmente aqueles que viviam na zona rural. E tudo isso, com a complacência da “beautiful people”, que não acha que esses fatos sejam suficientemente graves para justificar que a simples existência de um partido comunista deva ser crime.
Listar os crimes dos principais líderes comunistas é, na verdade, fazer o mesmo que os “debatedores” do Flow fizeram, ou seja, dar palco para bandidos. De se lamentar, porém, que pessoas supostamente inteligentes, formadores de opinião, se apeguem apenas a um traço do comunismo, justamente onde constam os mais elevados princípios humanos e morais, mas que, na prática, são utilizados para justificar a barbárie.
A história aponta para outra direção, infelizmente mais realista, mais cruel e, sobretudo, não registra qualquer indício de que o que ocorreu no passado, não se repetiria no presente ou no futuro, caso o comunismo fosse efetivamente implantado. Dúvidas? Veja na Venezuela como são tratados os opositores do “regime”. Enfim, odiar Hitler e amar Stalin, Fidel Castro e Hugo Chávez, é a expressão máxima da hipocrisia. A quintessência da hipocrisia.
Penso que nossa geração não verá a criminalização do comunismo, eis que a parcela “cheirosa” da população que defende a foice e o martelo, tem muita influência e rostinhos bonitinhos como o da Manu. Mas, como disse o saudoso Belchior, “o novo sempre vem”. Tomara que não demore muito.
Claudinei Poletti – Advogado