Chapadão do Sul/MS

ARTIGO –  Mesmo com uma “onça” e um ‘bichão do MS’ Dourados sai menor do que entrou nas eleições deste ano

Valfrido Silva / Jornalista / contrapontoms.com.br

Nem seria o caso de questionar a liderança do vice-governador Murilo Zauith, não só por sua debilidade física (ainda se recuperando como o paciente mais longevo internado com Covid 19 no Brasil), mas pela forma como foi defenestrado por Reinaldo Azambuja do governo para o qual fora eleito em 2018, restando-lhe o papel de mero coadjuvante da campanha de sua antecessora na vice-governadoria do mesmo Azambuja, Rose Modesto. Mas que fosse esse o critério de se ver o comportamento dos douradenses nas eleições, de um modo geral (não foi esta a primeira lição nesse sentido), supondo-se que Zauith tivesse a força que se esperava: sua candidata amargou uma quarta posição, atrás até da candidata “laranja” do PT, com apenas 13.773 votos. Aí entrando, agora, no sempre tão discutível jeito de votar dos douradenses, a vitória do outsider Capitão Contar, o grande vencedor, no tête-à-tête com Eduardo Riedel – 39.366 a 34.128 votos. Isto tudo, com Riedel apoiado por Reinaldo Azambuja, tido como “o maior prefeito” que Dourados teve nos últimos tempos, sem contar que foi o único cujo companheiro de chapa é de Dourados – o deputado Barbosinha. Ah, e, justo, muito justo, justíssimo, como diria o coronel Belarmino (personagem de José Wilker na novela Renascer), lembrar os míseros 794 do único candidato a governador da terra de seu Marcelino nessas eleições, o índio Magno de Souza. No caso, injustíssimo!

Nem onça nem jaguatirica – Como os números da performance da senadora Soraya Thronicke confirmam o aqui escrito no primeiro turno – que era uma candidatura que não poderia ser levada a sério, colocada apenas para que o seu partido, o União Brasil, pudesse torrar a grana do fundo partidário – nem seria o caso de dizer que ela também é uma das vítimas dessa birra dos douradenses para com seus conterrâneos candidatos. Por pouco ela não paga o mico maior, ainda, de ter sido menos votada em sua terra natal do que o índio Magno de Souza, por sua condição de candidato “nanico”. Nem mesmo ficando com “réiva” de Bolsonaro e de Lula nos debates não virou onça, como a Juma Marruá, de Pantanal. Foram só 803 votos em Dourados. Neste caso, nem dá para culpar os douradenses, né.

Empáfia – Simone Tebet, de sua parte, não honrou nem o nome suplente douradense Celso Dal Lago. Mesmo com o desconto da polarização entre Lula e Bolsonaro, como mato-grossense do Sul da gema, bem que poderia fazer melhor a lição de casa na cidade e na região onde tem raízes familiares. Aqui, prevalecendo o velho dito popular: quem conhece (Simone Tebet) não vota em (Simone Tebet). Mesmo com uma “honrosa” terceira colocação (6.536 votos), perdendo feio para Bolsonaro (72.596 votos) e Lula (46.493 votos).

Alô você! – Falando em empáfia, não dá para não refletir sobre a derrota do deputado Marçal Filho para a Assembleia Legislativa. Vítima de seu arraigado oportunismo pulou do PSDB para o PP, achando que no partido de Alan Guedes teria uma cadeira assegurada. Prova do equívoco: fazendo o caminho inverso, sua colega de microfone, Lia Nogueira, saiu do partido do prefeito e arquirrival para se aninhar entre os tucanos. Elege-se com menos votos que Marçal Filho.

Douradenses e “douradenses” – Nessa sempre discutível questão de bairrismo, já que os candidatos de Dourados não se elegem sem os votos de fora, lembrando que Geraldo Resende não teria retornado à Câmara Federal, depois da derrota em 2018, não fossem os votos recebidos estado afora. De seus 96.519 votos, apenas 15283 em Dourados. Entre outros douradenses, interessante notar a votação do campeão de votos no estado, Marcos Pollon, o quarto colocado aqui (9700 votos), muito mais por sua condição de bolsonarista do que, propriamente por sua certidão de nascimento. Tanto que superou o pai do prefeito Alan Guedes, Dr. Eudélio (6045 votos) e até o candidato do governador Reinaldo Azambuja, Waltinho Carneiro (6005 votos).

Fim da linha – Outro douradense que jamais voltaria para a Assembleia Legislativa se dependesse dos votos da cidade que elegeu o pai duas vezes deputado e a mãe prefeita: Neno Razuk. O filho de Roberto e Délia Razuk teve apenas 3115 em Dourados, perdendo, entre outros ditos paraquedistas, para o ex-governador Zeca do PT, que levou daqui preciosos 3151 votos.

Calcanhar de Aquiles – Ainda com o frescor desses números, mas já de olho em 2024, quem foi que disse que com Lia Nogueira deputada o prefeito Alan Guedes se livra de um problema? Pelo contrário, arrumou foi um problemão! Tudo bem que “Preta”, como ela é conhecida, não arrebentou a boca do balão agora nas urnas para fazer jus ao apelido aqui lançado de “Artuzi de saia”, já que foi na eleição de deputado estadual que Ari Valdecir Artuzi se consagrou como fenômeno eleitoral, para, daí eleger-se prefeito contra tudo e contra todos. Mas, se Artuzi era o “animal de pêlo curto”, Lia é o “bichão do MS” e, uma vez conhecidos os resultados da eleição, ao cair da tarde de domingo passado, já começou a campanha para a sucessão de Alan Guedes.

2024, de arrepiar – Com Lia Nogueira largando na frente para a disputa da prefeitura daqui a dois anos, para uma “guerra” que já era esperada com o prefeito Alan Guedes, resta saber quem serão os coadjuvantes. Um desempregado, com votos, mas que nunca teve coragem de encarar a disputa para o executivo – o ainda deputado Marçal Filho. Outro potencial candidato, querendo ir para a desforra, mas tudo a depender, também, se vai estar empregado ou não, o que só as urnas vão dizer, no próximo dia 30 – o deputado Barbosinha, candidato a vice-governador de Eduardo Riedel. 

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