Chapadão do Sul/MS

ARTIGO: A quem interessa o adiamento do inicio do ano letivo

(*Ribeiro Arce) O governo do estado alterou o inicio do ano letivo 201º, prorrogando o começo das aulas na rede estadual pública para o dia 1º de fevereiro próximo, após o carnaval. O governador Azambuja, segundo noticiou fartamente a mídia regional, tomou tal medida atendendo solicitação dos prefeitos de MS, por intermédio da associação deles, a ASSOMASUL. Em vários textos a noticia dava a impressão que a medida consistia numa grande decisão tomada pelo executivo estadual.

Ledo engano, essa medida prejudica quem planeja e beneficia administradores públicos, no mínimo, incompetentes. Os professores da rede estadual elaboram, em suas respectivas escolas, o calendário escolar anual no ano anterior, de acordo com proposta encaminhada pela secretaria estadual de educação. O calendário do ano letivo de 201º foi elaborado em 201º, dentro das normas legais e garantindo os 200 dias letivos.

Agora, com o adiamento as escolas terão que refazer o calendário anual, adequando às aulas de forma que o ano letivo seja concluído em 201º. A escola pode aproveitar os dias de sábado como uma forma de compensar o cumprimento do calendário dentro do ano em curso. Aliás, todo professor sabe que aula no sábado na rede pública não vira, ou melhor, vira ‘enrolação’, uma vez que o comparecimento é baixíssimo. A tradicional “semana do saco cheio” em outubro, mês que comemoramos a divisão do estado e o dia do professor, programada pelas escolas, terá que ser descartada e o fechamento das aulas será aquele sufoco nas proximidades do Natal.

Para o leigo o adiamento do inicio das aulas, dependendo da análise feita até pode parecer uma coisa boa, o professor tem mais dez dias de férias, justamente no período dos festejos de carnaval. Mas não é bem assim. Além dos professores, pais e alunos também ajustam suas atividades de acordo com o calendário do ano letivo. A escola é uma instituição que influenciam direta ou indiretamente na vida das pessoas. Uma mudança como essa pode trazer transtornos para muita gente.

Como se percebe o governador tomou uma decisão que afeta diretamente a vida de muita gente e sem ouvir os maiores interessados: os pais, os alunos e os trabalhadores em educação. O governo preferiu ficar do lado de prefeitos que estão no poder há mais de dois anos em seus municípios e ainda não conseguiram transformar a educação em prioridade. Segundo a ASSOMASUL, o adiamento vai trazer economia com transporte e contratação de professores convocados. Educação com qualidade que se dane.

Durante a campanha eleitoral o candidato a governador Reinaldo Azambuja e a vice professora Rose prometeram educação de qualidade, educação integral, valorização dos profissionais do magistério, etc. Outra coisa que preocupa é a posição da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul – FETEMS, apoiando a medida, com a justificativa que o foco da entidade no momento é a questão salarial. A federação perdeu uma grande oportunidade de se posicionar de maneira firme e mostrar para seus associados que está preocupada de fato com a educação. Por tudo que li até agora sobre o tema, não estou convencido que o adiamento foi uma medida certa tomada pelo governador Azambuja nesse inicio de mandato.

*professor da rede estadual de educação de MS. E-mail: [email protected]

Facebook
Twitter
WhatsApp

Leia Também