A sensibilidade das pessoas ? quando estimuladas ? pode mudar a humanidade para melhor com a exteriorização dos sentimentos na transformação do ambiente. Esta foi uma das lições práticas que não constavam na grade do curso de ?Aproveitamento da Palha de Milho?, mas que acabou sendo o principal produto resultante da oficina oferecida pela Casa do Artesão de Chapadão do Sul em parceria com a prefeitura, através da secreta de Assistência Social, e a Fundação de Cultura do Governo do Estado. O encerramento do evento se deu na tarde de ontem no Sindicato Rural.
A entrega dos certificados foi apenas parte da solenidade que ratificou a capacidade das alunas em transformar matéria prima em arte. Sob a orientação do brasiliense João Gomes da Silva, o ?Mestre das Fibras?, o grupo de 20 mulheres moldou vários objetos a partir da palha que geralmente acaba se deteriorando no campo ou vira ração animal. Estes produtos, de acabamento sofisticado, podem ser agregados à renda ou até mesmo no carro chefe da economia de muitas famílias.
O significado desta iniciativa pôde ser avaliada pela presença de autoridades municipais e o semblante das pessoas que provaram serem capazes de ações positivas, desde que recebam apoio e estímulo. A qualidade dos objetos produzidos ao longo de uma semana, dispostos numa mesa, nos remete aos souvenirs caríssimos encontrados somente nos grandes centros turísticos do Brasil.
O artesão João Gomes da Silva confirmou que a palha do milho deixa de ser apenas a ?estrela? na fabricação de rações e outros alimentos para ?brilhar? na decoração de casas a apartamentos. Segundo ele, alguns estados tem no artesanato a sua principal fonte de renda interna e na exportação de itens manufaturados, numa cadeia que gera milhares de empregos.
Participaram da solenidade de entrega dos certificados Liza Scheide (vice-prefeita), Jeane Gleice Camargo Barros (secretária de Assistência Social), Ieda Borgelt (secretária adjunta), Charles Sturmer (secretário ajunto de Governo), Tânia Francini (vereadora), técnicos de Paraíso das águas e da Fundação de Cultura do Governo do Estado.
MESTRE DAS FIBRAS – João Gomes nasceu em 1º70, em uma cidade no interior do Ceará. O pai era pescador e a mãe artesã. Aos três anos veio para Brasília e morou cinco anos na cidade satélite do Gama antes de mudar-se para o entorno da Capital Federal onde se inspirou.
Aos 1º anos criava seu primeiros trabalhos retratando a natureza exuberante que existia naquele lugar. Menino de origem humilde mais de muita sensibilidade trabalhou em vários ofícios para se manter e ajudar os pais. Seu coração pulsava artesanato até se especializar em tramas de fibras vegetais. Considerado um dos dez melhores artesões do Distrito Federal e entre os 20 do Brasil ele hoje é reconhecido como ?Mestre das Fibras?.
Não há matéria-prima do cerrado que João Gomes da Silva não saiba manejar. O mestre envolveu a família toda no trabalho artesanal. Ao lado da esposa, dos filhos e cunhados, produz peças de decoração e adorno feminino, além de trabalhos originais que lembram animais.
Todas as obras são feitas de capim colonião, capim-dourado, cabaças, fibra de buriti, madeira e outros materiais retirados da natureza. João Gomes vende seus trabalhos em São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso e praticamente em todo o Nordeste e Centro-Oeste. Tem diplomas de cursos do Sebrae, da Universidade de Brasília e de oficinas específicas e hoje é consultor.