Colaboração de Jean Calgaro (face book)
Em Santa Catarina, mais de 90% das plantações localizadas no Planalto Serrano estão em boas condições e a expectativa é de uma excelente safra, especialmente em culturas como a soja e o milho, que estão em fase de floração. No entanto, para muitos produtores da região, o sucesso passou a estar atrelado a presença de um visitante inconveniente, que não pede licença e faz das lavouras seu banquete: o javali. Mato Grosso do Sul – incluindo Chapadão do Sul ? possui autorização de abate expedido pelo Ibama. Rio Brilhante (Sul do Estado) concentra o maior número de ataques
A direção da Cooperativa Agropecuária do Planalto Serrano, Cooperplan, localizada em Lages, SC, revela que, dos 206 associados, que juntos cultivam cerca de 1º mil hectares, todos passaram a conviver com os prejuízos causados pelos animais nos últimos anos. Os primeiros estragos foram registrados por volta de 2009, quando não foi dada a devida importância.
Alimentação abundante nas lavouras e a característica reprodutiva ocasionaram a reprodução de forma extremamente rápida. Hoje, segundo Uncini, os javalis andam em varas (coletivo para o javali) de cerca de 30 animais ou mais. Alguns chegam a pesar até 300 kg, com presas que podem chegar a 1º centímetros. Mesmo com a liberação da caça, o número de animais tem aumentado significativamente, embora não haja dados concretos.
De acordo com a Cooperplan, em muitos casos os estragos nas lavouras podem chegar a 30%. No entanto, quando o ataque ocorre em plantações isoladas, as peradas podem atingir 12%. Há casos de produtores relatando que os animais destruíram toda a lavoura. Um dos associados, por exemplo, teve que replantar, pelo segundo ano consecutivo, uma área de 40 hectares.
Liberação da caça não resolveu o problema
Com a liberação da caça, em 201º, a esperança era que houvesse um controle da população. Porém, o animal é muito rápido e perigoso, podendo matar com facilidade os cachorros, o que dificulta a caça.
?Não temos muito que fazer, pois mesmo com a caça liberada, há poucos caçadores credenciados. Então, estamos discutindo com o IBAMA e Policia Ambienta outras medidas de controle. Talvez a colocação de armadilhas?, explica Uncini, comentando que a caça é uma medida paliativa, pois o abate é muito menor que a taxa de reprodução.
Produtor de grãos em Lages, SC, Geraldo Ribeiro Vieira, revela que dos 750 hectares cultivados, cerca de 20% tem perda total todos os anos, especialmente as lavouras de milho. ?Há uma super e incontrolável população de javalis e está se espalhando pelo estado, sendo que, apenas em Santa Catarina, deve haver mais de 30 mil animais, somente em áreas agrícolas?, revela.
Na tentativa de minimizar os prejuízos e controlar a aumento da população, Vieira adotou o abate dos animais, realizado por caçadores autorizados, com acompanhamento de órgão de pesquisa e da Polícia Ambiental. ?Somente em 201º, foram abatidos, em minha propriedade, entre 500 e 700 animais, incluindo filhotes e adultos?, aponta o produtor.
Virou praga mundial
No entanto, mesmo com o abate, a estimativa é que o número de animais no estado cresça entre 40% e 50% ao ano, pois ocorrer até três gestações por ano, podendo chegar a 1º filhotes por cria. ?Se não fosse o abate, a população poderia mais que dobrar de um ano para outros?, observa Vieira, destacando que o problema não se restringe apenas às perdas agrícolas, pois os javalis adultos estão atacando animais domésticos, como bezerros, potros, cordeiros e entre outros, além de afugentar os animais silvestres.
?Ele está prejudicando a biodiversidade, além de ser um grande risco na questão zoosanitária, pois é transmissor de várias doenças, inclusive a Febre Aftosa?, destaca. Hoje, o javali representa um grave problema em vários cantos do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, somente em 201º foram abatidos 850 mil animais, 550 na França e 600 mil na Alemanha, além de números expressivos na Espanha, Rússia e outros países. ?Nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, por exemplo, chegou ao ponto de o governo fretar helicópteros e requisitar caçadores para fazer a caçada?, revela Zanella.