*Ribeiro Arce
Ao acompanhar as fatídicas sessões e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o famigerado mensalão, o maior escândalo de corrupção da era petista no governo federal, percebe-se a intensidade da corrupção nas esferas de poder do governo, a morosidade da justiça e a fragilidade das instituições públicas de segurança no cuidado e trato com suspeitos e condenados. O julgamento do mensalão é uma oportunidade ímpar para o povo brasileiro refletir sobre o Brasil atual e o país que quer no futuro.
Enquanto os ?semideuses? togados do STF promoviam verdadeiros teatros em sessões enfadonhas e prolongadas, mostradas ao vivo para todo o país pela TV Justiça, a mídia convencional não cansava de mostrar as mazelas da corrupção e da bandidagem pelo Brasil a fora, tais como: a ladroagem na prefeitura de São Paulo e na aquisição dos trens do metrô no governo paulista dos tucanos, entre tantos outros escândalos noticiados diariamente. Os ?supremos? da justiça também tiveram a oportunidade de ver o povão ir às ruas clamarem por mudanças nas grandes manifestações populares de junho e julho de 201º.
O mensalão tornou-se de conhecimento público em 2005, mas só agora, oito anos depois, a lenta justiça brasileira consegue concluir as primeiras sentenças e colocar alguns dos corruptos envolvidos na cadeia. Veja o quanto é difícil colocar criminosos do colarinho branco na prisão e quanto privilégios são dispensados a eles. No caso do mensalão a primeira ordem do Planalto foi para não constranger os presidiários, para isso a Polícia Federal estava impedida de utilizar algemas em público, equipamento usado com frequência na prisão de bandidos que tem pouca ou nenhuma ligação com o poder político do Planalto.
Outro fato que marca negativamente o julgamento do escândalo do mensalão está ligado ao descuido das autoridades na vigilância com criminosos e acusados que aguardam julgamentos. A fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato não foi a primeira e pelo jeito não será a última. Segundo informações da mídia, Pizzolato fugiu para a Itália, até publicou uma nota tirando uma ?casquinha? na justiça brasileira. Diante de tanta barbaridade fica difícil acreditar que o estado conseguirá resgatar o dinheiro público desviado pelos mensaleiros.
Bom, não há dúvida, o julgamento do mensalão é um bom termômetro para entender o descrédito dos magistrados perante a opinião pública. Afinal, não é de hoje que as pesquisas apontam nesta direção, o judiciário é um poder com baixa credibilidade entre o povo. Se há dúvida responda: você acredita e confia na imparcialidade de um juiz nomeado por político?
Esse é o caso dos ministros do STF, a mais alta corte da justiça brasileira. Dos onze ministros daquela corte oito foram nomeados pelos presidentes Lula e Dilma. A reflexão passa também por um controle social do judiciário e o aprimoramento das leis, especialmente as cíveis, criminais e eleitorais. Mudanças são necessárias e, obrigatoriamente, devem passar pelo crivo da sociedade.
*Professor da rede estadual de ensino de MS. E-mail:
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