Chapadão do Sul/MS

“Toque de recolher” será tema de palestra na APAE nesta quinta-feira em Chapadão do Sul

?toque de recolher? para menores em Chapadão do Sul voltará a ser discutido amanhã (1º) de novembro, durante a palestra do juiz da Vara da Infância e Juventude de Fernandópolis, Dr. Evandro Pelarin. Ele também discorre sobre temas discutidos cotidianamente como a falta de limites dos jovens e a omissão da maioria dos pais. Segundo a psicóloga Katiusce Nogueira o aumento do abismo entre jovens e pais tem preocupado os técnicos da entidade. O evento será reaçizado na APAE, às 1º horas (MS). Mais informações sobre podem ser obtidas pelo fone 35620820 (Assistência Social)

Artigo (Juiz Evandro Pelarin)

O princípio da autoridade dos pais

Os pais perdem, cada vez mais, a autoridade sobre os filhos. Prova disso, avolumam-se leis e estatutos de direitos dos mais novos em detrimento do comando dos mais velhos, como se observa, por exemplo, no projeto de lei anti-palmadas. Nestes novos tempos, e no campo dos costumes, não existe SENHOR e SENHORA dentro de casa. Os pais, hoje em dia, são tratados com um sonoro ?você?, simbólico da decadência do pátrio poder. E essa fragilidade parental repercute diretamente na escola, onde se assiste à elevação do desrespeito aos professores.

Mas, a anulação da hierarquia familiar e escolar é um grave erro, que tem custado muito caro para todos nós.

Esse equívoco se potencializou na década de 1º60 e os seus emblemáticos “Maio de 68” e “Woodstock”. De lá para cá, o Ocidente passou a idolatrar a juventude, nela depositando, quase que exclusivamente, a esperança para transformar o mundo e, para tanto, nela injetando o poder que vem sendo retirado dos adultos e idosos que, dessa maneira, perdem importância na direção da família e da sociedade. Não parece difícil perceber a gravidade dessa situação.

A criança e o adolescente não se igualam aos adultos. Os menores, naturalmente imaturos, desprovidos de condições psicológicas e econômicas para suportar frustrações e encargos da vida, e sem a sabedoria que só chega com o passar dos anos, necessitam de ser comandados a partir de valores familiares e escolares. Pois, na ordem natural da existência humana, os mais velhos, a partir de uma posição superior na relação, educam e orientam os mais novos, valendo-se de amor, de cobranças e de temperança.

A equiparação de posições entre adultos e jovens, decorrente da idolatria da mocidade, é suicídio social. O jovem idolatrado e, em função disso, abastecido de força moral não encontra nos pais e nos professores, pessoas ?iguais? a ele, a imprescindível referência de proteção, que pressupõe, logicamente, uma diferença de capacidades entre quem protege e quem é protegido. Por isso mesmo que as alternativas externas à atmosfera domiciliar e escolar, como as gangues e os grupos comportamentais juvenis, exercem tanta atração sobre muitos meninos e meninas, que procuram, no fundo, uma sensação de pertencimento, bastante próxima do amparo que eles não verificam no lar e na escola, que há muito vêm sendo desapossados de seu império.

Ocorre que, como bem aponta o filósofo Olavo de Carvalho, atualmente, ?longe de proteger o jovem, as hordas juvenis recebem o novato com desprezo e hostilidade, que lhe mostram, desde logo, a necessidade de obedecer para não sucumbir?. Ou seja, nesses esquemas de turbas e de embalos autorotulados de culturais, o adolescente é submetido a provações e exigências, cada vez mais, por meio de iniciações autoritárias simbólicas (mesmas roupas, corte de cabelo etc) e de comportamentos nocivos (como a antecipação da prática sexual e até o uso de entorpecentes).

Nesse caminho do jovem para se afinar àqueles de sua geração, ?o modo de aprendizado é sempre a imitação literal, servil e sem questionamentos. O ingresso no mundo juvenil dispara … o desejo mimético de que fala René Girard, onde o objeto não atrai por suas qualidades intrínsecas, mas sim por ser simultaneamente desejado por um outro?. Então, sentencia Olavo, ?para não ser devolvido impotente e humilhado aos braços da mãe e do pai, o jovem tem que ser aprovado num exame onde não são exigidas coragem ou flexibilidade, e sim a capacidade de amoldar-se aos caprichos da maioria; em suma: a supressão de sua personalidade?.

Ainda nos passos da magistral lição de Olavo, a quantidade de investimento psicológico para se ingressar nesses universos juvenis ? alternativos à ausência de um ambiente referencial de proteção domiciliar, igualmente inexistente no ministério da educação escolar ? leva o jovem à sua ?completa exasperação?, que o impede de ?despejar seu ressentimento de volta sobre aquele grupo de seus pares?, pois este é objeto de um desejo sonegado e por isso mesmo ?tem o dom de transfigurar cada impulso de rejeição em novo investimento amoroso?.

E, assim, o adolescente se volta para a direção menos perigosa, fazendo da família ?o bode expiatório providencial de todos os seus fracassos no seu rito de passagem?. Arremata o filósofo: ?Se ele jovem não logra ser aceito no grupo, a última coisa que lhe há de ocorrer será atribuir a culpa de sua situação à fatuidade e ao cinismo dos que o rejeitam. Numa cruel inversão, a culpa de suas humilhações não será atribuída àqueles que se recusam a aceitá-lo como homem, mas àqueles que o aceitam com mansidão e destituídos de autoridade. A família, que tudo lhe deu, pagará pelas maldades da horda que tudo lhe exige. Eis a que se resume a famosa rebeldia do adolescente: amor ao mais forte que o despreza, desprezo pelo mais fraco que o ama?.

Por tudo isso, não se deve jamais colocar num único plano, num mesmo patamar, pais e filhos ou professores e alunos. O adolescente, pela imaturidade que lhe é peculiar, não dispõe dos mecanismos mais completos para realizar julgamentos, ainda que relativos àqueles de seu interesse pessoal. Conforme Olavo, ?a covardia dos adultos dá ao menor autoridade para mandar e desmandar?. E é exatamente isso a origem das maiores desgraças cometidas por um número cada vez maior de jovens que, sem respeitar os ditames dos pais e dos professores, decide por si mesmo entrar no mundo das drogas, da prostituição, da desordem e do crime, condutas transformadas em modelos para meninos e meninas desprovidos da autoridade de seus pais e professores.

São essas as razões pelas quais eu, na condição de pai e de juiz responsável pela infância e juventude desta cidade, que amo meus filhos e trabalho com todas as minhas forças em favor de um futuro admirável para as crianças e dos adolescentes desta terra, enquadro-me na luta pelo restabelecimento da autoridade de pais e de professores, na qual permanecerei até o meu fim, em virtude do que aprendi de meus pais, da minha convicção religiosa e da lei que eu estudei e que, agora, querem derrubá-la.

Assim, conclamo todos os pais, professores e adultos responsáveis, a quem sempre dediquei todo o meu esforço, para uma verdadeira cruzada por essa bandeira. Nada de idolatria juvenil, e sim de respeito à ordem natural das coisas, à valorização de pais e professores, pelo amor aos seus filhos e alunos.

(Artigo enviado pela psicóloga Katiusce Nogueira do CRAS Parque União)

MATéRIA relacionada no LINK abaixo

http://chapadensenews.com.br/?pg=noticiasVis&idNot=121º&buscaNot=&idCat=5

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