A disputa por território entre Chapadão do Sul e Paraíso das águas parou na Assembleia Legislativa e divide parlamentares. Alegando acordo verbal, a classe política de Chapadão quer de volta área doada ao vizinho na época da emancipação. Graças à medida, Paraíso conseguiu número suficiente de eleitores e virou município. Relator do projeto que autoriza a devolução do território, o deputado Marquinhos Trad (PMDB) apresentou, ontem 1º) na reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), parecer contrário à matéria. Segundo ele, para a proposta ser constitucional é preciso ouvir a população dos dois municípios por meio de plebiscito.
Integrante da CCJ, o deputado Lídio Lopes (PP) também manifestou posição contrária ao projeto de redivisão de linhas territoriais. Para ele, se devolver a área, Paraíso precisa voltar a ser distrito. ?Caso contrário, corremos o risco de desmoralizar a Assembleia?, alertou. ?Vamos dizer amém a um combinado para burlar a lei?, explicou o parlamentar, fazendo menção ao suposto acordo verbal de ?empréstimo? de área.
Autor do projeto, o deputado Paulo Corrêa (PR) entende que ?palavra dada precisa ser cumprida?. ?Se ficou combinada a devolução, é preciso ser efetivada?, defendeu. Ele explicou ainda que decidiu apresentar a proposta após ouvir a população dos municípios em audiência pública. Indagado sobre a teoria de Lídio Lopes de concordar com manobra para possibilitar a criação do município, ele lembrou que, quando aprovou a emancipação de Paraíso, a Assembleia não observou que menos de 50% dos municípios de Chapadão, água Clara e Costa Rica, detentores de parte de território do então distrito, validaram a criação da nova cidade.
Neste sentido, Corrêa alertou que, de qualquer forma, a emancipação de Paraíso das águas corre riscos. ?Chapadão não desistirá de lutar por seu território?, adiantou. Na reunião da CCJ desta terça-feira, o deputado Márcio Fernandes (PTdoB) pediu vistas e adiou a discussão na Assembleia pelo menos por mais uma semana. Pouco antes, o deputado Márcio Monteiro (PSDB) votou com o relator pela não tramitação do projeto.
Segundo Marquinhos, a disputa pelo território se acirrou após instalação de usina de álcool na área alvo da briga. ?Em 2001º na época do debate sobre emancipação, o território era ocupado por assentamentos, depois, uma usina abriu às portas na região e vem gerando receita?, explicou.(correiodoestado)