Foto de 2021 com as técnicas que aplicavam vacinas do Centro de Convivência do Idoso
As analogias sobre o mesmo fato podem ser as mais diversas, com entendimentos diferentes dos enredos e finais imprevisíveis. Esta introdução foi feita em maio de 2021 quando as filas para tomar uma vacina eram quilométricas em Chapadão do Sul e dependia de um calendário por data de nascimento. Naquele mês um dos pontos de vacinação era no Centro de Convivência do Idoso (Conviver) e o interessado perdia uma manhã toda até chegar sua vez. Após a aplicação saia aliviado com a sensação de proteção contra a Covid-19 que matou quase 700 mil pessoas no Brasil, cerca de 80 em Chapadão do Sul.
No dia 3 de maio de 2021 o aposentado Luiz Carlos de Azevedo Coutinho “Luiz do Boné” confeccionou 20 unidades com o slogan “Vacina Já” grafado. Presenteou as enfermeiras e técnicas que faziam as aplicações, de acordo como o grupo determinado pelo Governo Federal. Sentiu-se agradecido ao tomar sua dose. Hoje as ampolas são praticamente ignoradas no momento que há novos picos de infecção de variante nos grandes centros brasileiros.
As enfermeiras e técnicas de enfermagem sofriam pressão da multidão que queria ser vacinada. Eram xingadas por pessoas que não podiam esperar o seu dia previsto no calendário. Naquele momento, se o mundo fosse um conto de fadas, as seringas seriam a “varinha de condão” ou mágica capaz de matar o coronavirus. No espaço de um ano o comportamento em relação á vacinação é de desprezo.
Luiz do Boné é um legítimo sobrevivente. Em agosto de 2015 fazia entregas para uma churrascaria em Chapadão do Sul quando o carro que dirigia colidiu violentamente contra uma anta com cerca de 300 quilos a cem metros da divisa com Chapadão do Céu (GO). A anta morreu, o carro ficou destruído mas ele escapou com o joelho estourado. Na mesa de cirurgia sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Não teve mais condições de trabalhar e aposentou-se. Mas foi um dos sul-chapadenses que valorizam a vacina e o trabalho árduo das técnicas de enfermagem.