Uma idosa compareceu na Delegacia de Polícia de Chapadão do Sul para registrar ocorrência de estelionato após perder cerca de R$ 1,5 no Golpe do Whatsapp. Depositou para um estelionatário que se apresentava como sua filha. Estes crimes são descoberto tarde demais, após o dinheiro parar na conta de bandidos que custeiam o crime organizado de dentro ou fora de presídios. Estes criminosos montam centrais para este tipo de delito e dificilmente são descobertos. Em 2021 centenas de registros por crimes virtuais foram protocolados em Chapadão do Sul.
O isolamento social da pandemia aumentou muito o volume de vendas do comércio pela internet e, com elas, os crimes virtuais. O golpe pode começar com um telefonema para alguém que acabou de anunciar a venda de um produto pela internet. Foi o caso do produtor do G1, William Santos, que desconfiou e gravou as conversas.
Golpista: Estamos entrando em contato para fazer uma verificação devido muitas fraudes e e-mails falsos na nossa plataforma, tudo bem?
O golpista se passa por funcionário do site para tentar roubar a conta do WhatsApp. Para isso, precisa do código que o aplicativo manda como medida de segurança para o telefone da vítima.
Golpista: Após a chegada, o senhor só me confirma os seis dígitos em linha, por gentileza?
O produtor não passou os números. O bandido não desistiu e ligou no dia seguinte.
Golpista: Eu preciso que o senhor confirme o código que eu encaminhei para o senhor.
Produtor: Então, mas está dizendo para não compartilhar esse código. Como é que eu vou compartilhar esse código?
Com a terapeuta Márcia Poças, o golpista se passou por um pesquisador da Organização Mundial da Saúde sobre a Covid-19. “Me explicou sobre os sintomas e que eu deveria ter atenção. E me perguntou se alguém da família tinha tido nos últimos 15 dias alguns dos sintomas. Ele disse que estava registrando essa pesquisa e, para que eu não recebesse um novo telefonema do órgão, ele iria me mandar um cadastro, um código por SMS e eu deveria passar esse código para ele, para que ele pudesse inserir no cadastro da pesquisa e aí eu não receberia um novo telefonema”, conta Márcia.
Quando o golpista consegue o código, ele assume o WhatsApp da vítima e manda pedidos de ajuda em dinheiro para os contatos dela. “Consegue fazer uma transferência para mim? Amanhã cedo já te devolvo”, diz a mensagem. Ou manda códigos de barras para pagar contas.
Enquanto as pessoas se adaptavam ao isolamento social e a trabalhar de casa, golpistas já estavam agindo. Eles dispararam armadilhas virtuais para os computadores e para os celulares.
Especialistas em segurança da internet calculam que, nos últimos meses, os criminosos fizeram 23 ataques por minuto só no Brasil.
O professor universitário Antonio Carlos Pereira, que dá aulas a distância, foi uma das vítimas. Um vírus que ele não sabe de onde veio bloqueou o computador dele.
“Passadas algumas horas, eu recebi uma ligação, uma pessoa dizendo que poderia recuperar o disco, mas que isso custaria R$ 10 mil”, conta.
A ameaça virtual também pode aparecer na forma de link malicioso, o chamado “phishing”. Chega como endereço da internet, escrito em azul. Quem clica nele entrega informações pessoais e bancárias. Entre fevereiro e março, esse golpe aumentou 124% no país.
“Infelizmente, houve sim um grande crescimento em diversos tipos de golpes. As pessoas perderam o medo de fazer compras pela internet, e, é claro, o crime, ele segue o dinheiro. Acho que, em primeiro lugar, vale desconfiar de tudo. Quando a esmola é grande, o santo desconfia”, afirma Marcelo Lau, coordenador do MBA em Cibersegurança da Fiap.
O WhatsApp declarou que recomenda fortemente a ativação da verificação em duas etapas para prevenir o roubo de contas. Esse código, assim como o SMS do WhatsApp, não deve ser compartilhado com ninguém. (redação e G1)