Cidadãos sul-chapadenses – em número cada vez maior – são vítimas constantes de crimes virtuais praticados contra suas contas bancárias em cidades que sequer estiveram. São prejuízos vultosos ao longo dos anos que só aumenta devido à sofisticação dos golpes e a fragilidade da segurança destes estabelecimentos. O último registro policial na Delegacia de Polícia Civil consignou o volume de quase R$ 10 mil em descontos desautorizados de um cidadão da cidade em alguns bancos. Os dados foram usados em descontos de crédito pessoal, cartão de crédito e cheque especial incluindo bancos que a vítima não tinha conta.
Esta vítima de Chapadão do Sul descobriu o prejuízo ao fazer uma transação bancária que detectou problemas com seu cadastro. Segundo fontes policiais estes ataques são constantes e cada vez mais sofisticados. Os cibercrimes causam prejuízos cada vez maiores às empresas e cidadãos. Apenas neste ano as perdas globais podem chegar a US$ 6 trilhões – três vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil – de acordo com estudo conduzido pela consultoria alemã Roland Berger. A percepção de especialistas é a de que esse tipo de crime irá se aperfeiçoar ainda mais com o tempo, com as companhias tendo de gastar cada vez mais para se proteger de ataques com pedidos de resgate.
O Brasil tem sido um dos principais alvos globais. O levantamento da Roland Berger aponta que o País já ultrapassou o volume de ataques do ano passado apenas nesse primeiro semestre, com um total de 9,1 milhões de ocorrências, considerando apenas os de “ransomware”, que restringem o acesso ao sistema infectado e cobram resgate em criptomoedas para que o acesso possa ser restabelecido. Esse número coloca o País na quinta posição mundial de ataques, atrás apenas de EUA, Reino Unido, Alemanha e África do Sul.
“O tema de cibersegurança já vem evoluindo no Brasil e no mundo na última década. Hoje, isso não tem apenas relação com a segurança dos dados, mas de infraestrutura”, diz o sócio-diretor e especialista em Inovação da Roland Berger, Marcus Ayres. Segundo ele, quando o ataque ocorre na infraestrutura, a empresa deixa de operar e tem prejuízos. “O custo disso é gigante.”
Para Ayres, a preocupação das empresas brasileiras cresceu diante dos mais recentes ataques. No entanto, ele frisa que as companhias precisam entender que, para mitigar danos, é necessário que o tema seja contínuo, e não uma ação pontual para se ajustar alguma eventual fragilidade do sistema.
“A segurança digital vai muito além do TI. As empresas acordaram para a importância do tema e têm buscado dar robustez à segurança, mas ainda precisam ter essa visão multidisciplinar e entender que isso é algo contínuo”, afirma Ayres. Os ataques podem mudar de perfil com o tempo, e os cibercriminosos são criativos. Assim, os negócios têm de estar preparados para essa dinâmica do mundo digital. Algo importante, nesse sentido, é a empresa já ter um plano de contingência, caso um ataque ocorra, observa o executivo da consultoria alemã.
Segundo o especialista em cibersegurança da empresa de tecnologia NEC no Brasil, Daniel Aragão, há muitos tipos de ataques, mas o ransomware tende a ser o mais custoso, devido aos pedidos de resgate, que podem envolver cifras milionárias. Aragão explica que uma das formas desses criminosos entrarem no sistema da empresa pode ser por meio de um e-mail, no qual o próprio funcionário abre um documento ou link fraudulento. A técnica, chamada “phishing”, provoca uma infestação do sistema, abrindo o acesso para que o ataque possa ser feito. (redação e https://www.em.com.br/)